23/06/2017 às 07h06min - Atualizada em 23/06/2017 às 07h06min

União entre PCDF e PMDF é uma faca de dois gumes. Soa falsa essa união

Mais uma vez, o governo Rodrigo Rollemberg provará que, apesar do marasmo para fazer o bem, conta com excelentes jogadores em manobras diversionistas.

Por Miguel Lucena – Delegado da PCDF e Jornalista

Mesmo respeitando a decisão da assembleia geral do Sindicato dos Delegados e as opiniões em contrário, vejo a proposta de unificação das campanhas salariais da Polícia Civil com a Polícia Militar como uma faca de dois gumes.

 

A proposta é positiva no sentido político de agrupar opositores do governador Rodrigo Rollemberg, mas sem efeitos práticos no que diz respeito ao cumprimento dos compromissos de campanha assumidos com a Polícia Civil.

 

A Polícia Militar foi contemplada nos últimos anos com Plano de Carreira, gratificações e auxílios diversos, usufruindo do lado bom dos regulamentos militares e civis, o que não é verdade para os demais órgãos não pertencentes à caserna, como PCDF e Detran.

 

A aliança com a PM dá ao governador Rollemberg argumentos para não ser chamado de mentiroso, por haver se comprometido em campanha com a paridade vencimental entre a Polícia Civil do DF e a Polícia Federal, uma conquista histórica da PCDF que desmoronou no atual governo.

 

Soa falsa essa união. É como um casal que vive aos tapas, chegando um a enfiar a cabeça do outro no forno, e termina sendo induzido pelo juiz a se reconciliar, em nome a paz familiar. Que paz?

 

Desde o início do governo, sempre que a Polícia Civil cobrava os compromissos assumidos pelo governador, estrelados da PM acionavam seus canais de comunicação para torpedear as reivindicações, ameaçando com operação tartaruga, se qualquer concessão à PCDF não fosse estendida aos demais segmentos da segurança pública. A PM se comportou como o invejoso que prefere perder dois a ver o vizinho ganhar um.

 

A marcha conjunta com a PM nos desvincula de vez da paridade com a Polícia Federal, porque a Polícia Militar sempre usou o Exército Brasileiro como parâmetro, até que o EB sofreu desvalorização salarial e a briosa passou a fazer carreira solo, sempre acompanhando as vantagens dos outros, com um olho no padre e outro na missa.

 

Dado esse passo, o caminho será sem volta. Mais uma vez, o governo Rodrigo Rollemberg provará que, apesar do marasmo para fazer o bem, conta com excelentes jogadores em manobras diversionistas.


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