Bessent afirmou as negociações comerciais estão avançando, mas a prioridade do governo é garantir a qualidade dos acordos para os norte-americanos, e não apenas cumpri-los dentro de um prazo
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou nesta segunda-feira (21/7) que o país não tem pressa para concluir os acordos antes de agosto — quando as tarifas sobre importações brasileiras entram em vigor. Segundo ele, as negociações comerciais estão avançando, mas a prioridade do governo é garantir a qualidade dos acordos, e não apenas cumpri-los dentro de um prazo.
“Não vamos nos apressar para fechar acordos”, disse em entrevista à CNBC. Questionado sobre a possibilidade de adiar as tarifas em casos de negociações avançadas, o secretário afirmou que essa decisão caberá ao presidente Donald Trump.
“Veremos o que o presidente quer fazer. Mas, novamente, se de alguma forma voltarmos à tarifa de 1º de agosto, acredito que um nível tarifário mais alto pressionará ainda mais esses países a chegarem a acordos melhores”, apontou.
Bessent não mencionou diretamente o caso do Brasil, que enfrenta a maior alíquota entre os países afetados, de 50%. Ele observou que a União Europeia avançou de forma lenta nas negociações, mas avaliou que o bloco está agora mais engajado no processo.
Sobre os países asiáticos, o secretário disse que a visita ao Japão incluiu encontros com o premiê Shigeru Ishiba e o negociador Ryosei Akazawa, destacando que a prioridade é garantir melhores acordos para os EUA. Em relação à China, afirmou que as negociações devem avançar em breve e que os dois países estão “em um bom lugar” no diálogo comercial.
Carta sem resposta
O governo brasileiro tem realizado reuniões com o setor privado para articular estratégias de reação às tarifas. A princípio, a ideia era tentar resolver o impasse até o dia 31, conforme afirmou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Na semana passada, Alckmin e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviaram uma nova carta ao secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio do país, Jamieson Greer.
O vice-presidente afirmou que o governo brasileiro já havia enviado outras cartas formais aos Estados Unidos para negociar as tarifas desde a primeira rodada de sanções, mas não obteve qualquer resposta.
“Nós enviamos uma carta há cerca de dois meses, tratando de um possível acordo, de entendimento, mas até agora não tivemos resposta. Então, o que vamos fazer agora é encaminhar uma nova carta, reafirmando que seguimos aguardando retorno e seguimos empenhados em resolver esse problema”, disse a jornalistas.
Mineração
Nesta segunda, o governo tem nova rodada de reuniões com o setor produtivo. Às 14h será a vez do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que defende a prorrogação do prazo das tarifas, até que elas sejam revertidas.
A entidade defende uma negociação diplomática, mas firme, com os EUA, de modo a evitar a reciprocidade tarifária, o que causaria mais dificuldades à mineração do Brasil. Uma eventual reação brasileira poderá elevar muito os preços de equipamentos importados dos EUA, essenciais para a mineração nacional, avalia o Instituto.
Correio de Santa Maria, com informações do Secretário do Tesouro dos Estados Unidos








