Embate
Nesta quarta-feira (02/10/2019), acusação e defesa sustentaram suas teses no debate, última etapa do júri. O MPDFT começou com a palavra. “Em um primeiro depoimento, ela (Adriana) disse que brigava igual ‘cão e gato’ com os pais”, disse o procurador Maurício Miranda.
O promotor Marcelo Leite Borges leu um trecho do laudo pericial sobre a personalidade da ré. “A depoente se mostrou desafiadora, autoritária, irônica, invasiva, dissimulada, seletiva no discurso e na memória, com traços compulsivos, vitimização, dramatização, ambivalência, impulsividade, intolerância, frustração, agressividade e frieza, além de apresentar conduta manipulativa. Percebeu-se a falta de laços afetivos em relação à mãe”, aponta o documento.
“O laudo da perícia deixou transparecer uma personalidade de autoritarismo e de uma pessoa manipuladora. O mesmo que nós pudemos perceber no depoimento que ela prestou aqui, ontem (terça-feira, 01/10/2019)”.
“Além disso”, continuou Borges, “o texto também dizia que o vínculo com os genitores era somente material, distante de afetividade. A ligação com a família era econômica e não sentimental”.
Cada assistente de acusação teve 15 minutos para exposição. Pedro Calmon disse que nunca viu um crime tão covarde como este, em tantos anos de profissão: a filha supostamente contratar o porteiro para a assassinar o pai e a mãe, e ainda a empregada como queima de arquivo.
“Senhores jurados, está provado que ela contratou o Leonardo (Campos Alves), Leonardo contratou o Mairlon (Francisco Mairlon Barros Aguiar) e Mairlon contratou o Paulo (Cardoso), para queimar o arquivo”, apontou.
OAB e defesa
Segundo a representante da OAB, o órgão atuou como fiscalizador. “No fim, concluímos que a Ordem não encontrou elementos suficientes para imputar a Adriana esse crime. Desejo que essa família possa ser reconstruída e inicie sua nova história”, apontou Bárbara.
Advogado de Adriana, Kakay indicou aos jurados que o crime da 113 Sul trata-se de um latrocínio. “O próprio Leonardo, nesse plenário, primeiro disse que matou e depois se retirou. Ele detalhou a cena do crime. Em muitos interrogatórios o Leonardo respondia que apenas ele e o Paulinho mataram. A intenção era matar para roubar. Não há dúvida”.
Kakay ainda elogiou o trabalho da Polícia Civil do DF, mas criticou as investigações da Coordenação de Crimes Contra a Vida (Corvida), à época chefiada pela delegada Mabel de Farias. “Isso é um processo criminal. Não é um romance. É a vida da Adriana que está em jogo”.
O defensor observou que Adriana nunca falou com Leonardo Campos Alves, porteiro do edifício onde os genitores da denunciada residiam e que já foi julgado e condenado pelo crime. “O que me interessa é a inocência da Adriana. Mais do que uma acusação frágil, ela não representa nenhuma realidade com os fatos”, salientou.
“A melhor prova que temos é que a família inteira a apoia. Não há ninguém que acredite que Adriana seja responsável por esse crime”, afirmou.
Outro advogado da ré, Marcelo Turbay lembrou que Adriana apontou à polícia Leonardo como suspeito do triplo homicídio. “Leonardo é o autor, é um assassino”.
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