17/10/2019 às 06h48min - Atualizada em 17/10/2019 às 06h48min

Drácon: Liliane presta depoimento e volta a acusar ex-distritais

Pivô do escândalo na Casa, a ex-deputada distrital acabou confrontada pela defesa de réus: "Provas falsas e ilegais"

Pivô das denúncias que derrubaram parte da Mesa Diretora da Câmara Legislativa (CLDF) na gestão passada, a ex-deputada distrital Liliane Roriz (Pros) prestou mais um depoimento nesta quarta-feira (16/10/2019). A oitiva ocorreu na 8ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), no âmbito da Operação Drácon.

Durante quase três horas, a ex-vice-presidente da Casa foi interrogada como testemunha e confrontada pela defesa da ex-distrital Celina Leão (Progressistas), atualmente deputada federal. Liliane reforçou a mesma versão já apresentada como denúncia ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Em seu relato, Liliane foi questionada pela defesa dos réus sobre gravações feitas com envolvidos no episódio e acabou provocada se ela tinha interesse no suposto esquema ou se tinha intenção de “colher provas” contra os antigos colegas. “Fui colocando que eu estava interessada no assunto e no desfecho da história”, reforçou a ex-deputada. Ela alegou que o objetivo era juntar evidências materiais para comprovar as denúncias levadas aos promotores.

O MP interrompeu a defesa de Celina Leão e pediu que as perguntas fossem retiradas dos autos, mas os defensores da deputada federal reagiram ao solicitar que, caso decisão da juíza fosse essa, que constasse na ata do depoimento. A juíza Francisca Rollim Mesquita acatou o pedido da promotoria. “Entendo que a prova produzida demonstrou que a testemunha não apenas mentiu sobre os fatos como dissimulou – palavra da própria depoente – para produzir uma prova falsa e ilegal consistente na gravação de diálogo com a minha cliente. A instrução criminal irá demonstrar de forma incontestável a inocência da deputada Celina Leão”, explicou o advogado Eduardo Toledo, defensor da deputada federal.

Segundo o promotor Clayton Germano, titular da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), a ex-distrital foi a última testemunha listada pela acusação a ser ouvida e não apresentou fatos novos. “Ela disse tudo que já está judicializado pelo Ministério Público. Agora, serão ouvidas as testemunhas de defesa. Ainda não há um prazo, mas a juíza deu 48 horas para a apresentação dos nomes, pois réus indicaram número grande de testemunhas”, afirmou ao Metrópoles. Segundo Germando, essa já é a fase final do processo na primeira instância.

Operação Drácon

A ação trata do suposto esquema de propina na CLDF em troca da liberação de emenda parlamentar, no valor de R$ 30 milhões, para o pagamento de serviços médicos. São réus os deputados federais Julio Cesar (PRB) e Celina Leão (PP), além dos ex-distritais Cristiano Araújo (PSD)Bispo Renato Andrade (PL) —atual secretário de Assuntos Parlamentares do Palácio do Buriti — e Raimundo Ribeiro (MDB), atualmente diretor da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa-DF). Por decisão do Superior Tribunal de Justiça, o emedebista foi excluído da ação penal, mas permanece na cível.

Ex-vice-presidente da CLDF, Liliane Roriz teria começado a grampear os distritais no fim de 2015, quando os políticos decidiam sobre o que fazer com uma sobra orçamentária da Casa. Em um primeiro momento, os recursos seriam destinados ao Governo do Distrito Federal (GDF) para custear reformas nas escolas públicas. De última hora, no entanto, o texto do projeto de lei foi modificado e o dinheiro – R$ 30 milhões –, realocado para a Saúde. À época da operação, todos os acusados foram afastados dos cargos de comando da Câmara Legislativa. Liliane renunciou à vice-presidência da Casa.

O valor foi destinado ao pagamento de serviços vencidos em unidades de terapia intensiva (UTIs) da rede pública. Segundo a denúncia acolhida, os recursos teriam sido definidos mediante o pagamento de propina a parlamentares de forma consciente e voluntária. A denúncia foi acolhida pela Justiça com base nas gravações colhidas pela ex-distrital e, desde então, corre na 8ª Vara Criminal de Justiça.

Todos os acusados negam as irregularidades de desvios de recursos públicos.


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