22/10/2019 às 05h11min - Atualizada em 22/10/2019 às 05h11min

Vítima de homofobia sobrevive a 22 facadas e foge do DF

Mãe do rapaz diz que agressores gritavam que o filho dela merecia morrer por ser homossexual

Vítima de homofobia, um rapaz de 23 anos foi esfaqueado 22 vezes na Rua do Lago, principal via de Brazlândia. O promoter Felipe Augusto Correa caminhava pela calçada quando acabou cercado por 16 homens, alguns portando armas brancas. Felipe havia deixado uma festa beneficente organizada por ele em uma área rural da região administrativa. Os suspeitos o perseguiram e atingiram com golpes na cabeça, no peito, nas costas e nos braços. A 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) investiga o caso, ocorrido em 6 de outubro, como tentativa de homicídio provocada por crime de gênero.

De acordo com a mãe do promoter, Jamile Correa da Silva, 49 anos, os criminosos atacaram em bando quando o filho deixava o evento e retornava para casa. “Antes de receber tantas facadas, a última coisa que ele conseguiu ouvir dos bandidos é que iria morrer por ser homossexual”, disse. O rapaz tentou se defender e correr dos algozes, mas foi alcançado. Mesmo com dezenas de testemunhas que deixavam os bares nas proximidades, os agressores não se intimidaram em tentar matar Felipe.

Segundo Jamile, a primeira facada foi na cabeça. Após cair, ele acabou golpeado outras 21 vezes. “A sorte foi que um casal de amigas dele estava próximo, e uma delas correu e o abraçou para que parassem de esfaqueá-lo”, contou. Após as agressões, o filho foi internado no Hospital Regional de Brazlândia (HRB)..

Fuga

Mesmo ferido e sangrando muito, Felipe conseguiu se levantar. Um casal que passava de carro pelo local o levou ao hospital. “Meu filho entrou dentro desse veículo, onde havia inclusive um bebê. Mesmo assim, os agressores cercaram o carro e ameaçavam quebrar os vidros para matar Felipe. Por sorte, o rapaz arrancou em direção ao hospital”, disse a mãe do promoter.

Quando chegou ao hospital, Felipe precisou passar por cirurgia e foi internado em uma unidade semi-intensiva. O jovem chegou a ter um dos pulmões perfurado e precisou de um dreno, colocado pelos médicos.

“Foi um crime muito violento, e meu filho escapou por milagre. Ele foi atacado por causa de sua orientação sexual, e isso é brutal. A todo instante, ele pedia para as pessoas próximas não o deixarem morrer. Ele foi acuado e esfaqueado como um animal”, desabafou a mãe.

Felipe foi liberado pela equipe médica no último domingo (20/10/2019) e foi ouvido pelos investigadores da Polícia Civil nessa segunda-feira (21/10/2019). Ele teria reconhecido alguns dos suspeitos de terem dado as facadas. A polícia trabalha para identificar todos os autores e respaldar os pedidos de prisão. Com medo, a vítima deixou o Distrito Federal.

Como se trata de um crime de gênero, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa (CLDF) irá acompanhar o caso.


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »