Em meio ao acirramento das ações da Polícia Federal contra madeireiros e garimpeiros da região norte do país, o senador Telmário Mota (Pros-RR) disparou contra o superintendente da Polícia Federal (PF) no Amazonas, delegado Alexandre Silva Saraiva. O congressista chamou o policial de “desgraçado” e diz que ele vai “pagar” pelas ações.
O parlamentar é contra a Operação Florestas de Papel, deflagrada em julho deste ano, com o objetivo de desarticular esquema de exploração ilegal de madeiras na região amazônica entre os anos de 2014 e 2017. Para Telmário Mota, a medida impede a exportação de madeira extraída de forma legal na região.
Em um vídeo obtido pelo Metrópoles (veja abaixo), o senador critica e ameaça o superintendente da PF no Amazonas, delegado Alexandre Silva Saraiva. Para o parlamentar, a decisão da PF inviabiliza o trabalho de madeireiras no seu estado, Roraima.
“Você vai pagar. Eu vou para cima de você. Tenho medo de você, não. Você disse para os madeireiros que ia me pegar. Você pega ladrão e vagabundo. Cuidado você. Vamos para cima. Vamos lutar”, disse o congressista no vídeo gravado há cerca de duas semanas, de acordo com a assessoria do parlamentar.
Procurado pela reportagem, o senador disse que a operação é “arbitrária”, uma vez que, segundo ele, todas as unidades de exportação são regulamentadas pela União. No vídeo, ele não cita o nome de Saraiva. Questionado, no entanto, ele confirmou tratar-se dele. “Sim, é esse desgraçado mesmo”.
“Se as terras são ilegais, então, também é ilegal a soja, é ilegal o milho, é ilegal o arroz, é ilegal a farinha, é ilegal o gado. É tudo produzido nas mesmas terras”.
O parlamentar afirmou ainda que a medida foi tomada por “questões ideológicas” e prejudica mais de 40 empresas no estado.
“Não estou aqui defendendo o desmatamento, não estou aqui defendendo madeiras ilegais. Estou falando do que é legal, do que está legalizado e que emprega milhares de pessoas de bem”, declarou o senador.
Questionado se fará algum pedido formal ao Senado sobre a situação, o parlamentar disse que irá apresentar nesta quarta-feira (30/10/2019), à Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC), um requerimento para convocar o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, para esclarecer a operação.
Se o colegiado aprovar o requerimento, Moro será obrigado a comparecer ao Senado. Como a PF é vinculada ao Ministério da Justiça, cabe ao ministro responder pela corporação.
O Metrópoles entrou em contato com o Ministério da Justiça, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
O que diz a PF
Em nota, a Polícia Federal informou que “em regra, não se posiciona acerca de temas em abstrato ou manifestações de terceiros, apenas acerca de suas atividades objetivas”.