O enredo envolvendo os R$ 4 milhões que a Odebrecht diz, em delação, terem sido repassados para Eliseu Padilha distribuir tem um personagem a mais. É o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, hoje preso pela Lava Jato.
Reservadamente, a cúpula do PMDB admite que Cunha se envolveu na partilha do dinheiro para diferentes destinatários, mas numa "intromissão". Em outras palavras: Cunha atravessou a direção do partido porque não estava nos planos do PMDB nesta divisão.
Dos R$ 4 milhões, segundo peemedebistas que acompanharam a negociação em 2014, o combinado seria R$ 1 milhão para peemedebistas no Rio de Janeiro, R$ 2 milhões para os da região Sul e o último R$ 1 milhão para peemedebistas da Bahia, que, na partilha, foram chamados de "os baianos".
Ocorre que, segundo o Blog apurou junto a peemedebistas, Cunha cobrou diretamente a Odebrecht pedindo uma parte do dinheiro, cerca de R$ 1 milhão - o que gerou confusão durante a divisão dos R$ 4 milhões justamente com a parte que seria destinada aos baianos.
O ministro Padilha, que era o responsável pela divisão do dinheiro, precisou entrar em campo para resolver a questão.
Hoje ministro licenciado da Casa Civil, Padilha acompanha os desdobramentos das revelações da Odebrecht envolvendo o episódio. E, assim que o caso veio à tona, seus aliados já demonstravam preocupação com o que Cunha poderia acrescentar na história mal contada envolvendo o dinheiro para o PMDB em 2014.
Procurada pela GloboNews, a defesa de Cunha disse, por telefone, o seguinte: "Meras ilações desprovidas de base empírica, numa busca incessante de tentar evolver o Eduardo Cunha na prática de atos ilícitos.”