24/11/2019 às 06h09min - Atualizada em 24/11/2019 às 06h09min

Quadrilha usa casa de câmbio no DF para lavar dinheiro do tráfico

Homem chegou a ser jurado de morte pela organização criminosa por não honrar o pagamento de uma negociação ilegal envolvendo dólares

Uma organização criminosa engendrada no Distrito Federal e formada por doleiros, estelionatários e contrabandistas se tornou alvo de investigação da Polícia Civil. Estruturado e com funções bem definidas, o bando desenvolveu um sofisticado esquema para lavar o dinheiro do tráfico de armas e drogas.

Uma casa de câmbio de fachada é usada para vender dólares com preços muito abaixo dos praticados pelo mercado e lavar as quantias faturadas com os crimes. Pelos menos seis pessoas, entre as quais quatro homens e duas mulheres, foram identificadas como integrantes do grupo.

De acordo com as investigações, a quadrilha também costuma usar a casa de câmbio, que não possui registro formal nos órgãos de controle financeiro, para realizar empréstimos pessoais e, assim, acobertar a lavagem de dinheiro.

Em uma das transações, um homem chegou a ser jurado de morte pelo bando após não honrar o pagamento de uma negociação ilegal. O valor do empréstimo seria de R$ 600 mil. Diante da ameaça de morte, ele procurou uma delegacia de Taguatinga para registrar o caso.

Braço Armado

O grupo possui braço armado, responsável por fazer cobranças de dívidas não pagas, garantir a segurança no transporte dos produtos contrabandeados, além da busca e entrega de grandes quantidades de dólares usados nas transações financeiras. As apurações policiais identificaram o principal suspeito de ameaçar de morte os clientes da organização que não honravam os pagamentos dos empréstimos.

Rander Rogério Guimarães (foto abaixo), 40 anos, estava sendo investigado quando foi preso, em 23 de abril, em Anápolis (GO). Detido em flagrante por contrabando e tráfico internacional de armas de fogo, o acusado foi flagrado por policiais rodoviários federais quando transitava com um veículo que transportava armas supostamente trazidas de forma ilegal do Paraguai.

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O suspeito também é apontado por vítimas ouvidas pela polícia como o homem responsável por agir violentamente para fazer cobranças em nome da quadrilha.

Braço jurídico

A organização criminosa também conta com braço jurídico que dá cobertura ao esquema, auxiliando, principalmente, na lavagem de dinheiro. O escritório de advocacia que presta suporte ao bando fica no Lago Sul, em uma das quadras mais valorizadas da capital da República.

Após identificar os suspeitos, a dinâmica de atuação do grupo e como os crimes eram praticados, a PCDF pediu apoio do escritório de lavagem de dinheiro. A unidade especializada apareceu há cinco anos e é subordinada ao Departamento de Inteligência e Gestão da Informação (DGI).

É considerada uma pasta de assessoramento e auxilia todas as delegacias que precisam de análise de quebra de sigilos bancário e fiscal ou relatório de inteligência financeira.

Após pedir as quebras de sigilo fiscal e bancário e realizar busca e apreensão, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) declinou da competência das investigações e determinou que o inquérito e os autos do processos fossem remetidos para a Justiça Federal.

No entanto, a PCDF permanece monitorando as ações do bando e se colocou à disposição das autoridades federais para prestar apoio nas diligências. As apurações correm em sigilo nos órgãos federais.


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