12/01/2020 às 07h22min - Atualizada em 12/01/2020 às 07h22min

Mulher mantida refém por tatuador estava em choque, diz delegado

Namorado da vítima a deixou em cárcere privado por 11 dias. Ele a amordaçava e a agredia com um bastão, segundo depoimento

Mantida em cárcere privado por 11 dias, com diversas manchas roxas pelo corpo, a mulher de 22 anos espancada com barras de ferro pelo namorado, o tatuador José Messias Alves, 37, tinha sinais de tortura psicológica.

De acordo com o delegado Gutemberg Santos Morais, da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia), Viviane* (foto em destaque) estava em estado de choque e de submissão quando prestou depoimento.

A mulher tinha dificuldades para denunciar o agressor e falava por diversas vezes que tinha medo de morrer. “Ela parecia não estar ciente da situação. Estava em choque”, afirmou Morais.

As marcas de terror vividas dentro da própria casa estão nos braços, pernas, barriga e rosto. Segundo depoimento prestado pela vítima e por uma ex-namorada de José que a ajudou a denunciar o caso, Viviane teria passado dias amordaçada enquanto era agredida por José Messias.

O tatuador teria enviado mensagens com vídeos à ex-namorada e aos amigos do telefone da própria vítima. Tudo foi documentado na 15ª Delegacia de Polícia, e José autuado em flagrante.

Agora, ele está à disposição do Núcleo de Custódia, que deve decidir neste domingo (12/01/2020) se ele responderá ao caso em liberdade ou se ficará preso preventivamente. O celular de Viviane está retido e terá mensagens recuperadas para análise do conteúdo.

A testemunha que encontrou Viviane e a acompanhou até a delegacia também conversou com a reportagem do Metrópoles. “Ela parecia ter sofrido lavagem cerebral. Só falava: ele vai me matar, ele vai me matar”, contou.

Viviane e José se relacionavam havia um ano. Eles passaram a morar juntos em novembro de 2018. Aos investigadores da Polícia Civil, ela disse que o suspeito a amordaçava com pano enquanto a agredia e a ameaçava de morte. Toda a violência era filmada por José.

A polícia chegou até a casa da vítima, usada como cativeiro pelo suspeito, por meio de uma testemunha que passou a receber imagens de Viviane machucada.

“O José entrou em contato comigo e começou a me enviar vídeos das agressões. A casa estava cheia de sangue. José estava planejando matá-la ontem [10/01/2020] mesmo. Aí, pedi para ele esperar, que a gente poderia resolver. Foi quando eu acionei a polícia”, relatou a mulher ao Metrópoles.

REPRODUÇÃO
Reprodução

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Marcas na barriga da vítima
Início da violência

A vítima conheceu José no ano passado, no estúdio de tatuagem onde o agressor trabalhava. À época, ele tinha uma namorada, com quem estava junto havia seis meses. Após conhecer Viviane, porém, ele passou a enviar mensagens para ela, demonstrando interesse e dizendo que havia terminado o relacionamento.

Na época, os dois começaram a namorar. Viciado em drogas, José ficou internado por 10 dias em uma clínica de reabilitação e pediu para morar com ela, em novembro, quando terminasse o tratamento. Para ajudá-lo, Viviane aceitou.

Foi na véspera de Natal que o comportamento do homem mudou. A vítima tomava banho quando o companheiro reclamou da demora dela na chuveiro. Ao sair, foi surpreendida com diversos golpes, que começaram por volta das 18h e só cessaram na manhã do dia seguinte. Desde então, a mulher não teve paz.

Conforme Viviane contou aos policiais, José a ameaçava de morte constantemente enquanto usava uma barra de ferro para agredi-la. Para a vítima, ele dizia que se ela fizesse barulho, ele iria “arrancar a cabeça dela e jogar pela varanda”.

A vítima trabalha como balconista em uma padaria. No dia seguinte ao início das agressão, ela foi questionada por colegas sobre as marcas em seu corpo, mas mentiu. Disse que havia caído. Em 31 de dezembro, José a impediu de retornar ao emprego.

Desde então, Viviane foi mantida em cárcere privado. Diariamente era agredida, de várias formas. O suspeito chegou a usar uma faca para ameaçar a vítima de morte.

*Nome fictício para preservar a vítim


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