O ensaio geral para tirar do presidente da República o direito de indicar ao exame e à aprovação do Senado os nomes dos ministros do Supremo Tribunal Federal é, para falar no português mais claro possível, uma safadeza contra a democracia no Brasil. Como sempre acontece quando querem aplicar uma ação de estelionato contra a vontade da maioria, os traficantes desse tipo de mercadoria apresentam seu golpe sob o disfarce, justamente, de estarem propondo à nação um “aperfeiçoamento democrático”. Mentira. Não estão querendo aperfeiçoar coisa nenhuma. Estão com medo das consequências da vontade popular, expressa nas eleições, e tentam usar a caixa de ferramentas que têm como políticos para fraudar o resultado das urnas.
É simples. O consórcio que reúne políticos derrotados nas eleições de 2018, as gangues partidárias do congresso e a elite que comanda a “Resistência” contra qualquer mudança nas piores práticas do poder público, tem pavor que o presidente Jair Bolsonaro complete o seu mandado e, pior ainda, seja reeleito para mais um. Uma das peças-chave desse pavor, cada vez menos disfarçado, é a completa mudança no Supremo Tribunal Federal que haverá se o presidente ficar os próximos sete anos no Palácio do Planalto. Bolsonaro indicará pelo menos quatro novos ministros caso cumpra dois mandatos – e isso fará do STF uma corte suprema conservadora e muito mais alinhada com a cabeça do presidente. Ainda vão sobrar, é claro, os Toffolis e Gilmares. Mas eles serão uma minoria que não vai mandar em nada.
É um cenário de desastre para você sabe quem. O “centro liberal”, que na sua folha corrida costuma aparecer com a alcunha de “centrão”, e passa a vida correndo da polícia, da justiça e das “delações premiadas” de empreiteiras de obras púbicas e outros delinquentes. Os ladrões em geral. Os “progressistas” modelo PSDB – que de tanto apanhar nas eleições do PT, resolveram passar para o seu lado. As classes intelectuais, artísticas e universitárias. Os financistas internacionais aflitos com as “ameaças a democracia” no Brasil. As “organizações sociais”. A OAB. A CNBB. O MST.
Essa gente toda perdeu as eleições e até hoje não aceitou a derrota. Admite, vá lá, que Bolsonaro seja o presidente, mas fica indignada todas as vezes em que ele governa segundo os anseios de seus eleitores; querem que o homem governe como se fossem eles, os derrotados, que tivessem ganhado as eleições. Bolsonaro foi eleito pela maioria dos eleitores brasileiros para executar um programa conservador, ou de direita, em seu governo.
Formar um STF conservador é o que querem esses eleitores; foi para isso, entre outras coisas, que votaram em Bolsonaro. Não querem um Supremo com ministros favoráveis à legalização da pedofilia, ao tráfico de drogas ou à prisão só depois da condenação em sétima instância. Tirar do presidente o direito de formar um STF que reflita o desejo expresso da maioria dos eleitores brasileiros é ir contra a vontade popular legalmente definida. Se querem um Supremo a favor do crime, e em especial da corrupção, que ganhem as próximas eleições.