Renato Carneiro, o Moicano, está pronto para começar uma nova etapa em sua carreira profissional no UFC no lugar onde tudo começou. No dia 14 de março, no UFC Brasília, Moicano volta para sua cidade natal para confrontar o bósnio Damir Hadzovic, em sua primeira luta pela divisão dos leves após 17 confrontos no peso-pena.
Apesar de estar vindo de duas derrotas — para José Aldo e para Chan Sung Jung, o “zumbi coreano” –, Moicano, em entrevista para o Metrópoles, afirma que encara a mudança como uma abertura de portas em sua carreira profissional. “Venho de duas derrotas, não ia lutar com ninguém ranqueado nas categorias de baixo, então quis abrir essa porta na categoria de cima. Esse foi meu pensamento. Espero vencer bem e lutar com adversários ranqueados em ambas as categorias”, explicou.
A mentalidade positiva, aliás, é algo que Moicano leva consigo em todos os momentos da carreira. Ele garante, por exemplo, que o recente retrospecto negativo não o incomoda. “É uma pressão a mais que eu estaria levando para a luta, e que não iria me ajudar em nada. Procuro controlar o que está nas minhas mãos, que é treinar o máximo que eu puder, me dedicar, cuidar da minha dieta e chegar na luta para fazer o possível para vencer. Não penso nos resultados passados”.
Essa forma de encarar a carreira — e a vida –, ajudou Moicano a chegar onde chegou no disputado UFC. Hoje, ele tem um cartel de 13 vitórias, três derrotas e um empate. No entanto, para se tornar um lutar profissional, ele precisou encarar dúvidas internas e a resistência da família.
O atleta chegou a fazer curso de direito, pois sua família queria que ele tivesse uma formação e um diploma. Porém, mesmo com todos os benefícios e estabilidades que uma carreira de advogado poderia lhe garantir, ele decidiu tomar outro rumo. “Eu pensei que na vida não existem garantias. E que mesmo que eu fosse pobre, estaria fazendo o que eu amo. Por isso decidi trancar a faculdade e virar lutador profissional. Foi um período difícil com minha família”, revela.
E hoje? “Hoje meu pai fala que sempre quis que eu fosse lutador”, conta, aos risos. “É até engraçado, pois minha esposa está grávida e eu penso em como serei com meu filho. Ao mesmo tempo que desejo o melhor para o meu filho, penso que o que é melhor pra mim, pode não ser melhor para ele. Então procuro não forçar. Talvez a geração dos nossos pais não trabalhasse tanto esse ponto de vista”, reflete.
É dessa forma, reflexiva, estudando todos os possíveis cenários e se adaptando às situações, que Moicano volta para sua cidade natal, agora um lutador bem-sucedido, mas sem esquecer de onde veio. “Eu só lutei uma vez em Brasília, ainda não estava no UFC, foi um evento menor, sem muita divulgação, mas lembro que me senti muito bem. Vou ficar na casa da minha mãe, com a família, sem hotel. Ficarei mais à vontade, só pensando na luta”.