A Suprema Corte retorna esta semana de suas férias escolares de verão para uma carga de menos de 200 dias de trabalho, correspondentes a pouco mais de seis meses, num ano eleitoral, que será conturbado nos campos político e econômico.
No momento em que o Brasil anseia pelo extermínio da corrupção que destruiu a Nação, não se encontra na pauta designada pelo presidente da casa para o semestre nenhum item que aponte nessa direção.
Ao contrário, vai-se discutir a soberania das decisões do tribunal de júri, quando o artigo 5º da Constituição Cidadã, raiz dos fundamentos democráticos, aquele que garante que todos são iguais perante a lei, reconhece em seu item XXXVIII a instituição do júri e assegura a soberania dos seus vereditos.
Ora, se eles consideram insuficientes as condenações decretadas por um juiz, três desembargadores de tribunais regionais e cinco ministros do STJ, jamais iriam aceitar a soberania do veredito de um conselho de sentença formado por sete leigos, parte de um tribunal de júri sorteados dentre cidadãos comuns para atuar como jurados.
A soberania dos vereditos é mais uma baboseira de uma Constituição fajuta que os “soberaníssimos tiranos” manobram ao seu bel prazer e irão derrubar para gáudio da criminalidade.
Na verdade, ninguém, além deles próprios, acredita que suas atitudes correspondam ao que lhes obriga a Constituição Federal: “assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna”.
Neste semestre, mais uma vez, estarão fervorosamente discutindo o sexo dos anjos, enquanto centenas denúncias de políticos ladrões permanecem empilhados a caminho da incineração.
Na página “políticos.org”, que mantém um ranking de processos contra políticos, constam mais de 500 processos abertos, sendo uma centena e meia no STF, abrangendo tubarões como Aécio Neves, Antônio Anastasia, Arthur Lira, Ciro Nogueira, Fernando Collor, Gleisi Hoffman, Renan Calheiros, José Serra, Paulo Pereira da Silva, Rodrigo Maia e outros, a maioria com diversos processos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Alguém acredita que eles um dia irão pagar por seus crimes?
Como o papel e o microfone aceitam tudo, o presidente da Suprema Corte abriu as aulas soltando essa pérola, do tipo me engana que eu gosto: “Em 2020, permaneceremos empenhados e destemidos em garantir os direitos fundamentais, as liberdades públicas, e moderar e pacificar os grandes conflitos do país, como forma de promover a segurança jurídica”.
Existe forte suspeita de que a sucuri de duas cabeças foi infectada pelo “forovírus”, que ataca especialmente autores e julgadores dos processos movidos contra criminosos do colarinho branco com foro privilegiado.
Suas principais causas são a propina, as nomeações oportunistas, a cumplicidade e a incompetência jurídica, que agem na consciência e nos bolsos dos infectados, levando-os a praticar a blindagem mútua, decisões monocráticas e colegiadas estapafúrdias, amnésia seletiva, tudo em proveito próprio.
Os sintomas mais comuns são a sensação de “rabo preso”, a ausência de critério nas pautas do plenário, falta de apetite para julgar, compulsão por dinheiro e a falta de patriotismo.
Se não for combatido apropriadamente, o forovírus pode provocar a paralisia levando, nos casos mais graves, à prescrição dos processos e à impunidade.
O tratamento conhecido é o afastamento imediato das vítimas do ambiente infectado.
A quarentena para uma epidemia dessa natureza deve ser o fechamento do ambiente onde o vírus foi encontrado e o isolamento dos infectados, com a permanência de quarenta anos de afastamento do convívio social.
Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.