Endereços nobres, em áreas privilegiadas da capital federal. Apartamentos amplos e com custos ao morador bem abaixo dos praticados pelo mercado. Os imóveis funcionais são objeto de desejo e de conflito no governo federal.
Vazios, ocupados irregularmente e até mesmo completamente sem informações, os espaços são alvo de processos administrativos e judiciais.
O (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, mapeou 37 endereços em que a ocupação do imóvel é feita por servidores com “função inexistente”. Isso significa que esses moradores não têm cargos comissionados no governo – critério para morar nessas propriedades.
Ainda assim, há 37 propriedades ocupadas irregularmente, segundo dados divulgados pelo próprio governo, no Portal da Transparência.
A reportagem visitou nove locais — espalhados pelas asas Sul e Norte e Cruzeiro — para verificar a compatibilidade de endereço, nome do morador (na teoria, servidor) e o tempo de uso do imóvel (veja galeria abaixo). O confronto das informações oficiais e da realidade indicam situações antagônicas, que mostram deficiência na organização e monitoramento dos imóveis – além das irregularidades constatadas pelo governo.
Há vários casos irregulares, como o de um apartamento que é alvo de disputa judicial pelo governo, mas está no segundo proprietário depois de a União tê-lo vendido. Há também registros de apartamentos que estariam ocupados, mas na verdade estão vazios; espaços que foram vendidos pelo governo, mas constam como propriedades da União; e apartamentos ocupados por pessoas que deixaram de ser servidores e que centralizam batalhas que se arrastam nos tribunais.