16/03/2017 às 20h48min - Atualizada em 16/03/2017 às 20h48min

Após novo vazamento, lista de Janot já tem 37 nomes conhecidos

Ministros, senadores, deputados, governadores e até ex-presidentes foram citados nas delações de executivos da Odebrecht

Correio Braziliense
A lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviada ao Supremo Tribunal Federal com pedidos de abertura de inquérito, após as delações de 77 pessoas ligadas à Odebrecht, segue avançando sobre o mundo político. Depois da divulgação na terça-feira da presença de ministros do presidente Michel Temer, de senadores, de deputados e dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff no rol de citados pelos delatores, nessa quarta-feira (15/3), mais 22 pessoas tiveram os nomes confirmados entre os alvos do Ministério Público Federal.
Entre os nomes enviados por Janot estão governadores, como o do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB); de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT); e de Alagoas, Renan Filho (PMDB), segundo informou ao Correio uma fonte ligada à Operação Lava-Jato. Também houve pedidos de inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em relação aos governadores do Paraná, Beto Richa (PSDB), e do Acre, Tião Viana (PT), de acordo com a TV Globo.
 
Janot pediu ainda inquérito para apurar condutas do senador Linbergh Farias (PT-RJ) e do deputado Andrés Sanchez (PT-SP), que administrou a obra do estádio do Corinthians, executada pela Odebrecht. O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi outro alvo de pedido de inquérito, no entanto, o procurador “declinou a competência”, ou seja, pediu que o caso fosse investigado na primeira instância porque ele não tem mais foro privilegiado. Cunha está detido, desde o ano passado, no Paraná e responde a ações penais por corrupção na Petrobras.
 
 
De acordo com a TV Globo, o ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira (PRB), também é alvo de um pedido de inquérito da Procuradoria-Geral da República. Com isso, sobe para seis o número de ministros do governo de Michel Temer no alvo da Lava-Jato, afora colaboradores próximos dentro e fora do Congresso. O caso dos ministros Eliseu Padilha, Moreira Franco, Aloysio Nunes, Bruno Araújo e Gilberto Kassab foi revelado na terça-feira.
 
Janot pediu investigações ainda contra os senadores Jorge Viana (PT-AC), Marta Suplicy (PMDB-SP) e Lídice da Mata (PSB-BA). A PGR ainda quer investigar a situação dos deputados Marco Maia (PT-RS), Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), José Carlos Aleluia (DEM-BA), Paes Landim (PTB-PI) e de uma série de políticos que não têm mais foro privilegiado. São eles: o ex-ministro da Secretaria de governo de Temer Geddel Vieira Lima, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, o prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB), o empresário e ex-candidato a governador de São Paulo Paulo Skaf (PMDB), o prefeito de Araraquara, ex-ministro Edinho Silva (PT), e o ex-assessor da ex-presidente Dilma Rousseff Anderson Dornelles.
 

Gerações futuras

 
Um dia depois de entregar 320 pedidos de providências em relação à delação da empreiteira Odebrecht, o procurador-geral da República afirmou que os resultados da Operação Lava-Jato “provavelmente” não serão vistos pela geração atual, mas pela futura. Ao discursar para uma plateia formada por integrantes da comunidade de inteligência, como policiais federais, servidores do Coaf e da Receita Federal e procuradores, ele homenageou um bebê de colo que estava na cerimônia, cuja mãe teve que sair para amamentá-lo durante o discurso.“O trabalho não é feito para nós”, disse Janot. “O trabalho não é feito para nossa época. Temos que ter a ideia, temos que ter a convicção de que trabalhamos para o porvir. E provavelmente não veremos esse resultado. Mas o resultado virá com certeza.” O procurador ainda destacou os esforços das instituições de controle para “tirar o país da lama da corrupção que se desvela agora e vem de muito tempo”. “Estávamos mergulhados nisso.”
 

Padilha investigado 

 
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, atendeu ao pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e autorizou a abertura de inquérito para apurar se o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, cometeu crime ambiental.

O caso não tem relação com a Operação Lava-Jato. Diz respeito à construção de um canal de drenagem no Balneário Dunas Altas, no município de Palmares do Sul, no Rio Grande do Sul. A obra foi executada em área de preservação permanente pela Girassol Reflorestamento e Imobiliária Ltda., empresa da qual Padilha seria sócio. A suspeita sobre o ministro da Casa Civil é a de ter destruído ou danificado floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou tê-la utilizado com infringência às normas de proteção. A pena prevista para esse crime é de um a três anos de prisão e/ou multa.
 
Em nota sobre a investigação, a assessoria da Casa Civil informou que “foi firmado em 9 de dezembro de 2016 Termo de Compromisso Ambiental (TAC) com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (Fepam) para extinguir qualquer obrigação relativa a tal fato”. 

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