Tanto Evenilson quanto o comparsa já ganharam as ruas. Foram soltos na quinta-feira (07/05), dois dias após a prisão, depois de passarem por audiência de custódia no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Investigadores da 5ª DP apuraram a participação do falsário em golpes milionários aplicados contra vítimas abastadas, como grande empresários e fazendeiros, na última década.
O primeiro grande estelionato praticado por Evenilson ocorreu em novembro de 2011, contra dois irmãos pecuaristas, na cidade baiana de Vitória da Conquista. Na ocasião, o prejuízo foi de R$ 1 milhão – o golpista usou a história do “dólar negro”.
Por meio dessa estratégia, o criminoso convencia pessoas a adquirir volume de moeda estrangeira até 10 vezes superior ao aplicado em reais. Foi o que teria acontecido com os empresários baianos, que, atraídos pelos estelionatários, pensaram estar levando vantagem e entregaram a quantia de R$ 1 milhão em troca de pacotes com os supostos dólares.
Para tentar passar credibilidade ao “negócio”, os bandidos alegaram ter recebido o montante de fugitivos estrangeiros que, por não estarem legalizados no Brasil, não poderiam utilizar o dinheiro em território nacional.
Ostentando alguns pacotes, os fraudadores mostraram pequenas quantidades em dólar verdadeiro – nos demais embrulhos, que permaneceram lacrados, continham apenas papéis pintados em preto. Os irmãos só perceberam a dimensão do golpe quando os estelionatários já estavam na estrada, em direção a Vitória da Conquista, pela BR-116. Acionada, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) conseguiu interceptar o carro dos suspeitos. A mala com R$ 1 milhão em espécie estava no bagageiro do veículo e foi recuperada.
O caso mais notório praticado por Evenilson ocorreu em março de 2016, em Belém, no Pará. Ele conseguiu convencer uma pessoa a investir R$ 350 mil em um esquema inacreditável: o falsário garantia ser capaz de “multiplicar o dinheiro”. O crime é conhecido no Nordeste como “golpe da viola”. Na ocasião, o trapaceiro apelou diretamente à ganância das vítimas e se apresentou como servidor da Casa da Moeda.
O golpe consistia em levar o interessado a acreditar que qualquer quantia poderia ser duplicada por meio de processo químico. De acordo com as diligências policiais, Evenilson contava ao empresário enganado ter material para clonar R$ 350 mil. Ao final dessa etapa, o estelionatário devolveria o montante investido e mais 50%, sendo que os outros 50% clonados seriam a comissão dele. Para convencer a vítima a aplicar tanto dinheiro, bem como a fim de dar segurança de que as cédulas seriam réplicas perfeitas, o falsário começava a atuação: abria uma maleta, tirava algumas ferramentas e produtos químicos.
O material era colocado numa caixa de isopor e misturado. Depois, duas chapas de vidro com dinheiro de verdade eram levadas ao compartimento para efetuação do mecanismo de duplicação, que, segundo Evenilson, durava 20 horas. Após esse período, que a vítima nunca acompanhava, o golpista entregava muitas cédulas – supostamente clonadas – e pedia que o montante fosse testado no Banco Central.
O homem seguiu a recomendação e, como se tratava de dinheiro legítimo, pensou que a técnica daria certo. Foi quando a primeira vítima fez contato com a segunda, que concordou em entregar R$ 350 mil. A Polícia Civil foi acionada e fez a prisão do falsário.
Em 2017, Evenilson foi preso em Corumbaíba (GO), perto de Caldas Novas, um dos dos destinos turísticos mais procurados pelos brasilienses. Lá, o fraudador acusado de integrar uma organização criminosa responsável por golpes financeiros em vários estados também estava com uma mala com R$ 1 milhão e hospedado em um hotel às margens da GO-139. Ele ainda tentou subornar policiais militares.
Prisão no DF
Em mais uma investida, Evenilson e José Lúcio Antunes Costa foram surpreendidos pela polícia no Setor Hoteleiro Sul, na terça-feira (05/05), no momento em que tentavam aplicar um golpe em empresários de João Pessoa (PB). Após a prisão, os criminosos informaram aos advogados que estavam com sintomas do novo coronavírus, o que não foi confirmado.
Os estelionatários reservaram quartos em um hotel de luxo e pagaram em dinheiro — cerca de R$ 2 mil. O comportamento da dupla, porém, chamou a atenção dos funcionários, que acionaram a Polícia Civil. Os investigadores fizeram uma apuração preliminar e descobriram que um deles usava o nome de uma pessoa que faleceu em 2015. Ambos foram detidos e autuados em flagrante.
Diante da denúncia, as equipes da PCDF foram até o local. No saguão do hotel, os policiais abordaram José Lúcio Antunes Costa, que mostrou identidade falsa. Hospedado na suíte presidencial, Evenilson prontamente atendeu a porta e se apresentou como Francisco. O suspeito chegou a entregar um documento aos agentes.
Os investigadores, no entanto, questionaram Evenilson e, em seguida, afirmaram que eles eram falsários. Explicaram que o verdadeiro Francisco morreu há cinco anos. O fraudador, então, revelou a identidade.