Jair Messias Bolsonaro e Carlos Alberto dos Santos Cruz eram amigos desde 1982. Moravam em casas vizinhas, as mulheres se revezavam para levar as crianças à escola. Foi uma surpresa a demissão dele, dia 13 de junho, e o presidente sequer a justificou. Simplesmente o chamou ao gabinete e comunicou-lhe a exoneração da estratégica Secretaria do Governo. Com a dignidade de respeitado chefe militar, ex-comandante das forças da ONU no Congo e no Haiti, Santos Cruz simplesmente virou-lhe as costas e foi embora.
Somente soube o motivo de sua demissão uma semana depois, quando um outro ministro da ala militar lhe mostrou um print de uma mensagem via celular, atribuída a Santos Cruz, com críticas a Bolsonaro.
MENSAGEM ERA FALSA – Santos Cruz disse ao ministro que jamais escrevera aquela mensagem e ia apurar. Ao consultar sua agenda, constatou que na hora em que a mensagem foi enviada ele estava voando para Manaus e impedido de usar o celular.
Bem, essa foi a razão para Bolsonaro demiti-lo de uma forma grosseira e nada proveitosa. Logo em seguida, em Brasília circulou a informação de que a trama partira do “Gabinete do Ódio”, comandado no Planalto pelo filho Carlos, o Zero Dois.
E somente agora, quase um ano depois, surge a versão definitiva para a demissão do general Santos Cruz, com base em duas motivações: 1) A intransigente defesas das Forças Armadas; 2) O controle rigoroso das verbas de publicidade, para não favorecer veículos de comunicação, sites e blogs que não fossem profissionais do ramo, de reconhecida competência.
UM MINISTRO DO BEM – Ao defender o interesse público, Santos Cruz não notou que estava dificultando os projetos políticos da família Bolsonaro. Em diversas entrevistas, o então secretário do Governo deixou claro que não se deveria vincular o governo às Forças Armadas, que têm uma missão constitucional bem definida, não podem ser envolvidas com governo algum, dizia ele, sem ter percebido que Bolsonaro pretendia exatamente o contrário, sonhava e ainda sonha em levar os militares a reprisarem 1964 com um novo AI-5, conforme defende o filho Zero Três, Eduardo Bolsonaro.
A outra motivação confirma-se agora, com a reportagem da excelente jornalista Patrícia Campos Mello, na Folha, mostrando que, com a saída de Santos Cruz, a Secretaria de Comunicação do Planalto transformou as verbas publicitárias em uma ação entre amigos de Carlos Bolsonaro, uma farra do boi que patrocinou até um site do jogo do bicho.
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P.S. – A lista dos amigos de Carluxo agraciados com verbas públicas da Reforma da Previdência é tão esdrúxula que inclui sites de fake news, de programação infantil e até mesmo um que é falado em russo. E ainda querem vincular as Forças Armadas a um governo dessa laia… Quanto ao general Santos Cruz, é um grande brasileiro e merece o respeito de todos nós, bem diferente de seu ex-amigo Jair Bolsonaro. (C.N.)