Em 1º de abril, o índice desmoronou para 63% e, desde então, segue em declínio. Nessa terça-feira (12/05), por exemplo, o indicador na capital do país chegou a 44%. Ou seja, em pouco mais de um mês, a taxa caiu 19 pontos percentuais. Este é o período usado pela pasta do governo local para fazer as comparações.
Não há relação entre o estudo feito pelo GDF e o realizado pela empresa de software In Loco, que desde o início da pandemia mede o isolamento social em todas as unidades da Federação.
Na sondagem do Palácio do Buriti, Sobradinho I teve a maior redução: menos 21 pontos percentuais. Na sequência, aparecem Sobradinho II, Planaltina, Riacho Fundo (I e II), Brazlândia, Arniqueiras, Guará e Cruzeiro (veja mais abaixo na tabela).
Samambaia, que registrou uma explosão de casos na última semana e assumiu a terceira posição no ranking de RAs com mais cidadãos com Covid-19 – 147 no total –, viu o índice de respeito à quarentena desabar em 10 pontos percentuais: de 51% para 41% entre 1º de abril e 12 de maio.
A maior e mais populosa cidade do DF, Ceilândia, lidera a estatística de óbitos decorrentes do coronavírus: 7. Lá, a adesão ao distanciamento chegou a bater na casa dos 48%, mas, agora, não passa de 39%.
O mesmo ocorreu na vizinha Taguatinga, cujo engajamento caiu nove pontos percentuais. Por outro lado, se manteve estável em Vicente Pires e no Lago Norte. A primeira RA com 41% nos dois períodos avaliados e a segunda com alteração de apenas um ponto percentual: de 67% para 66%. O Lago Norte, inclusive, figura como a região que mais cumpre o isolamento social, segundo o GDF.
Cenas da cidade revelam aglomeração por toda parte:
Juntas, as cidades que mais registraram queda na taxa acumulam 23 das 45 mortes computadas em todo o DF. São elas: Ceilândia (7); Samambaia, Guará e Riacho Fundo (4); Taguatinga e Planaltina (2).
O índice de Águas Claras se manteve praticamente estável – saiu de 51% para 48% –, mas bem distante do recomendado pela OMS. Com mais da metade de seus moradores ignorando o distanciamento social, a região administrativa acumula 230 casos confirmados da Covid-19 e cinco mortes.
Por mais de uma vez, o Metrópoles mostrou pracinhas, academias ao ar livre e lojas da cidade lotadas.
Segundo o subsecretário de Inovação da Casa Civil do DF, Paulo Medeiro, o Palácio do Buriti também está atento ao Entorno, onde a taxa de isolamento é de 39%. A preocupação se mostra razoável pela pressão que os moradores desses municípios exercem na rede pública de saúde de Brasília.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) declarou ao Metrópoles não tratar de uma queixa, mas entende que saber a quantidade de infectados pela Covid-19 nessa região é fundamental para o pleno desenvolvimento de políticas públicas.
“Pessoas infectadas no Entorno estão sendo tratadas na nossa rede hospitalar. Então, faz parte do nosso planejamento olhar para essa região”, pontuou o emedebista.
De acordo com o subsecretário Paulo Madeira, a ferramenta de monitoramento por cidades no DF será expandida e, por isso, algumas RAs ainda não estão contempladas na análise.”Também vamos fazer o levantamento por segmento. Poderemos saber quantas pessoas estão no comércio ou no transporte público, por exemplo. Será uma ferramenta para importantes tomadas de decisões”, explicou.
O DF começou a flexibilizar as regras de isolamento e pretende reabrir lojas de rua e shoppings a partir de 18 de maio, caso receba autorização da Justiça Federal. Como forma de preparação para este momento, o GDF determinou o uso obrigatório de máscaras.
O GDF também passou a testar em massa a população e tem investido no aumento de leitos para tratamento dos doentes com Covid-19.
O entregador Rafael de Aguiar, 28, diz que nem precisa avaliar a pesquisa do governo para notar que há muito mais gente na rua. Trabalhando com delivery de medicamentos, ele afirma que o trânsito no começo de abril nem se compara com agora. “Há semanas eu não via quase ninguém na rua, agora, tem muito carro e gente andando a pé.”
Maria Aparecida Soares, 54, é dona de uma banca de revistas na Asa Sul e se diz preocupada com o resultado do levantamento do GDF. “Meu marido é do grupo de risco e procuro tomar todo cuidado. Não acho que sou medrosa, mas, sim, cautelosa.”
Outro fator que a preocupa é a falta de cuidado de muitos com o uso das máscaras. “Muita gente anda com ela no queixo, daí, não adianta”, reclamou.