Até 5 de maio, a Polícia Militar do Distrito Federal registravam mais de 300 servidores afastados em decorrência da pandemia do novo coronavírus. A informação, obtida pelo Jornal de Brasília via Lei de Acesso à Informação (LAI), mostra que a força de segurança homologou 293 atestados ligados à covid-19, mesmo que não houvesse confirmação de infecção. São, portanto, diagnósticos de complicações pulmonares.
Ainda segundo a corporação, 89 testes swab, que retira material orgânico da garganta do examinado, foram aplicados entre 16 e 30 de abril, com duas confirmações. No mesmo período, 69 exames de sangue, que detectam a formação de anticorpos em função da invasão do Sars-Cov-2, resultaram em negativo para a doença. As aferições foram realizadas no Centro Médico da Polícia Militar, no Setor Policial Sul.
O Hospital Maria Auxiliadora, no Gama, faz parte da rede credenciada de atendimento aos servidores da PM. Lá, até a primeira terça-feira de maio, 45 exames rápidos foram realizados, com oito confirmações. Ali também foi registrada a única morte até então de um policial militar relacionada à covid-19. A instituição do Gama, porém, é a única conveniada à corporação para o atendimento de urgência e emergência.
Com isso, a resposta da PMDF ignorou especialidades ligadas à pandemia, como otorrinolaringologia e pneumologia, áreas nas quais o Hospital Santa Lúcia, no Setor Hospitalar Norte (SHN), fornece atendimento para o quadro militar. Questionada sobre a ausência da instituição na resposta ao requerimento feito via LAI, a assessoria da Polícia Militar afirmou apenas que, até 17h de ontem, contabilizava 21 casos confirmados de covid-19 na tropa, com 8 remissões e 1 morte.
Assim, segundo as informações da própria PMDF, até 24 de abril eram 3 confirmações de covid-19 entre servidores da força; dez dias depois, em 5 de maio, 10 infectados e um óbito; e, ontem, 21 casos. Desta forma, são 18 infectados em 18 dias, e isso na amostragem de testados da corporação. Com um novo diagnóstico a cada dia, a corporação afirmou, no final de mês passado, a distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e recomendações de cuidados à tropa.
Sob condição de anonimato, um oficial da Polícia Militar afirmou ao JBr. que as prevenções são repassadas à tropa diariamente, mas que a adesão ou não às medidas é de livre escolha para cada agente. “Chega até nós, sim, todos os dias, mas a escolha é individual. Eu mesmo uso muito pouco as luvas”, revela o militar.
Segundo o relato, o fornecimento de EPIs foi reforçado, mas não há equipamentos de proteção respiratória. “Máscara tá em déficit. Algumas vezes fui pedir e não tinha, então cada um dá o jeito que pode”, afirma o policial, que declarou pedir ajuda nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e nos quartéis do CBM quando pode. “Aí lá a gente pega uma ou duas, mas da PM não tem”, finaliza.