Antes da infecção ser confirmada por meio de exames, a defesa de Maturino já havia pedido a revogação da prisão preventiva. O ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou. “Entramos com várias petições pedindo, inclusive por razões humanitárias, a mudança da prisão preventiva para cautelar. A razão dos pedidos era a situação dele em grupo de risco da Covid-19”, disse o advogado de Maturino, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, ao Metrópoles.
Segundo Cardozo, em inspeção médica acompanhada de profissional particular, foi constatada pressão arterial elevada. “No mesmo dia, foi realizado o exame de coronavírus. Dado o prazo, o resultado da coleta foi positivo. Entramos com um novo pedido para que ele fosse transferido para hospital particular, para que não viesse a sobrecarregar a rede hospitalar pública. Mas ele ainda está na Papuda”, afirmou.
O advogado acredita que o cliente corre risco de morte. “Estamos insistindo para que o ministro Og defira sua transferência para um hospital. Ele precisa de tratamento. Se passar mal durante a noite, por exemplo, vai morrer. Não tem como ser monitorado”, afirmou o advogado.
Por meio de nota, a Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), vinculada à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), informa que Maturino, “no momento, encontra-se em cela isolada no Centro de Detenção Provisória II (CDP II)”.
“Desde que os primeiros casos de contaminação pelo coronavírus foram detectados no Distrito Federal, a SSP-DF, por meio da Sesipe, tem adotado uma série de medidas para resguardar os policiais penais e reeducandos”, afirmou a pasta.
Maturino foi preso após investigações realizadas no âmbito da Operação Faroeste. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), ele se apresentava como cônsul honorário de Guiné-Bissau, como juiz aposentado e como mediador.
As investigações do MPF apontaram a participação do falso cônsul no pagamento de propina a membros do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) e na condução de acordos espúrios em ações de posse de terras na Bahia.
Ainda segundo o MPF, foram identificadas movimentações financeiras pelo investigado em valor superior a R$ 33 milhões. Além disso, Maturino e sua esposa teriam tentado transferir, para a embaixada de Guiné-Bissau, a propriedade de vários veículos de luxo com o objetivo de ocultar o patrimônio.
Em novembro do ano passado, a prisão temporária de Adailton Maturino foi convertida em preventiva. No mês seguinte, o MPF apresentou denúncia contra ele pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
A Corte Especial do STJ, em fevereiro, manteve a prisão preventiva, sob o fundamento de que o investigado exerceria papel de destaque dentro da organização criminosa e poderia continuar cometendo atos ilícitos caso ficasse em liberdade.
A Corte também considerou haver risco real de que o falso cônsul fugisse do Brasil, pois ele e sua esposa possuem avião particular e mantêm relações próximas com Guiné-Bissau – inclusive com o presidente do país.