Um inquérito aberto pela Polícia Federal periciou o vídeo de uma reunião ministerial realizada no dia 22 de abril. O motivo foi a denúncia do ex-ministro da Justiça Sergio Moro que, ao pedir demissão, alegou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), tentou influenciar politicamente na própria Polícia Federal. Esse material, tornado público na sexta-feira (22/05), foi periciado por uma divisão técnica da corporação. O objetivo é permitir que eventuais provas da denúncia sejam colhidas nesse material.
Esse processo é cauteloso e foi analisado pelos peritos criminais da PF antes de ter o encaminhamento do laudo ao juizado, no caso, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelo caso. De acordo com o perito criminal federal Marcos Camargo, a meta da análise anterior ao envio é reduzir as possibilidades de edição das imagens e auxiliar para um melhor entendimento dos fatos registrados.
“O objetivo da nossa análise é auxiliar o ministro e a Procuradoria-Geral da República (PGR) a entender a reunião. No laudo divulgado pelo STF foi possível observar toda a fotodescrição do que houve de fato nessa reunião, os diálogos, as dinâmicas envolvidas, para avaliar, do ponto de vista jurídico, a existência ou não de algum tipo de crime”, explicou.
Apesar da importância do material e da repercussão do caso, que envolve diretamente o presidente da República, o perito, que também preside a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), afirmou que o procedimento de investigação segue um padrão, que visa à integridade.
“Sobre o ponto de vista técnico-cientifico, para nós é indiferente se é o do presidente ou de um popular qualquer. Porém, obviamente, esse tipo de caso tem atenção maior celeridade, mais pessoas vão estar dedicadas ao exame e vamos tomar mais cuidado com a questão do sigilo”, esclareceu.
Perícia audiovisual da PFArquivo/APCF
Perícia audiovisual da PFArquivo/APCF
Perícia audiovisual da PFArquivo/APCF
Perícia audiovisual da PFArquivo/APCF
Perícia audiovisual da PFArquivo/APCF
Perícia audiovisual da PFArquivo/APCF
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A perícia do vídeo
O perito criminal federal especialista em perícia audiovisual André Morisson explicou que o tipo de investigação depende do requerimento do juizado à Polícia Federal. No caso da reunião ministerial, foi solicitada uma análise de conteúdo e verificação de edição, mas há inúmeras outras possibilidades de trabalho da PF. “Sempre analisamos com um objetivo. As vezes é preciso identificar uma pessoa, por exemplo, então comparamos cicatrizes e analisamos sons para confirmar a voz”, contou.
Os agentes ressaltaram que o primeiro passo foi determinar se a cópia era fidedigna do material para garantir a integridade e evitar qualquer modificação da prova.