Uma ação foi movida em 2016, mas a movimentação mais recente data de setembro de 2019 – quando ele já havia assumido o posto como parlamentar. Trutis mantém os contratos com o escritório desde maio do ano passado e a nota mais recente enviada à Câmara dos Deputados como comprovação de despesas é de abril deste ano.
Os depósitos com dinheiro público à consultoria variam de R$ 28,1 mil a R$ 35,4 mil, feitos de maio a dezembro do ano passado. Neste ano, ele usou os serviços em janeiro, fevereiro e março. Entre as notas mais recentes, segundo o portal da transparência da Casa, o deputado contratou os juristas para a elaboração de seis propostas e um parecer jurídico.
Detalhe: ele apresentou, até agora, apenas oito projetos neste ano, que estariam no escopo da análise. Entre eles, um que reconhece o povo de Taiwan como povo amigo do Brasil e outro que torna a cidade de Bonito a capital do ecoturismo brasileiro. Nenhum deles sequer foi apreciado pelos colegas parlamentares.
E a situação não tende a mudar. Ambas as matérias não devem ser analisadas neste ano pelo Parlamento. Isso porque o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), responsável por determinar o que será pautado nas sessões plenárias, já afirmou que só irá à votação textos relacionados à pandemia do novo coronavírus ou que tenham prioridade para o país, com cunho econômico, social ou de saúde. Trutis não apresentou projetos relacionados à pandemia.
Além de consultoria, os deputados podem usar a cota parlamentar para custear passagens aéreas, serviços telefônicos e postais, escritórios em suas bases eleitorais, alimentação, hospedagem, locomoção, combustível, segurança, divulgação de atividade parlamentar. O valor, contudo, varia de acordo com o estado de cada deputado, uma vez que o preço das passagens aéreas são distintos.
Trutis pode gastar mensalmente R$ 40.542,84, por ser do Mato Grosso do Sul. Apesar do serviço de consultor ser autorizado como despesa, a Câmara conta com uma equipe multidisciplinar de consultores selecionados em concurso público de provas e títulos, com 22 áreas temáticas, que podem ser consultados pra elaboração de estudos, notas técnicas e proposições.
Em três meses, só com consultoria, o deputado já gastou R$ 93,3 mil apresentou apenas oito projetos neste ano. No ano passado, foram 23 matérias. Nenhuma delas foi aprovada. O Metrópoles entrou em contato com Trutis e com a equipe do gabinete dele para pedir um posicionamento sobre a contratação do escritório. Mas, até a última atualização desta reportagem, não recebeu resposta. O espaço continua aberto.