24/05/2020 às 06h56min - Atualizada em 24/05/2020 às 06h56min

Hospital no Complexo Penitenciário da Papuda será permanente

Inicialmente idealizada para atendimento específico a pacientes de Covid-19, unidade ficará como legado e terá sua estrutura ampliada

O Complexo Penitenciário da Papuda terá uma unidade de saúde implantada em caráter definitivo. Idealizado como espaço para atendimento a casos de Covid-19, o hospital de campanha que está sendo construído no local ficará para a população carcerária, dos servidores e dos trabalhadores do meio prisional. A expectativa é que o modelo seja replicado na Penitenciária Feminina.

“Vamos deixar um legado para o sistema penitenciário do DF”, declarou o governador Ibaneis Rocha, em visita ao local, neste sábado (23). “Ficará como um hospital definitivo para atender não só detentos, mas aqueles que trabalham e podem precisar de atendimento aqui. Isso é uma cidade que tem mais de 15 mil residentes, e temos que dar atenção. É trazer dignidade.”

Estrutura completa

Com investimentos em torno de R$ 5,9 milhões, a obra prevê cerca de mil metros de área construída, dez leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com equipamento avançado para ventilação mecânica e outros 30 leitos de enfermaria com suporte.

Será possível separar os ocupantes pelo perfil– como integrantes de facções e ex-policiais – ou por doença, sendo a unidade adaptável a qualquer patologia após a pandemia de Covid-19.

 

Já foram concluídas as fundações das obras e da infraestrutura para a rede elétrica e cabeamento de dados, assim como a montagem dos módulos pré-fabricados – semelhantes a contêineres, feitos de material resistente a fogo.

 

O projeto prevê sistema de isolamento térmico e acústico, além de uma rede de fibra óptica para se interligar ao sistema da Secretaria de Saúde (SES), com suporte para as câmeras de vigilância.

Ibaneis visitou a unidade na manhã deste sábado (23). Foto: Renato Alves / Agência Brasília

Demanda antiga

A visita do chefe do governador ao Complexo da Papuda foi acompanhada pelos secretários de Saúde, Francisco Araújo; de Segurança, Anderson Torres e pelo subsecretário do Sistema Penitenciário, Adval Cardoso.  De acordo com eles, a necessidade de atendimento médico no complexo é alvo de reclamação há anos. Conforme o governador, a intenção é levar o mesmo modelo ao presídio ocupado por mulheres.

“Apesar de ser investimento, representa uma economia para o sistema penitenciário – no deslocamento de presos pela cidade, nas escoltas, nas viaturas”, explica Anderson Torres. “Facilita nosso trabalho, dá mais segurança para a população.”

Casos de covid-19 na Papuda têm crescido exponencialmente. Foto: Renato Alves / Agência Brasília

Gerenciamento 

A mudança de Hospital de Campanha para unidade definitiva é decisão administrativa. O subsecretário de Infraestrutura em Saúde, Isaque Albuquerque, explica que a escolha por materiais técnicos sólidos e resistentes permite a mudança.

Sob gestão da SES, o modelo de contratação adotado, inicialmente, será o de gestão integrada de leitos prontos, como no Mané Garrincha e no Hospital da Polícia Militar. Isso porque o caráter emergencial para atendimento da pandemia e do crescimento de casos que atingem servidores e apenados exige celeridade no funcionamento.

 

“O equipamento já vem no pacote com enfermeiro, médico, fisioterapeuta, e todos os serviços são contratados com gestão integrada dos leitos”, adianta o subsecretário. “No fim, todos os ativos, mobiliários e equipamentos ficam para a Secretaria de Saúde.”

De acordo com Isaque, o primeiro desafio de construir um hospital dentro do complexo penitenciário é o prazo, diante do cenário da pandemia no meio prisional, que demandou solução rápida. Além disso, é preciso aliar fluxos de saúde e segurança.

“O ambiente precisa estar preparado para assistir o paciente e, ao mesmo tempo, reproduzir aspectos de segurança de uma unidade prisional, desde grades, materiais usados, posicionamentos das equipes de segurança e de áreas administrativas das equipes de enfermagem, para que não fiquem expostas”, explica.

Mané Garrincha 

Já em funcionamento, o hospital de campanha instalado no Estádio Nacional de Mané Garrincha recebeu, na sexta-feira (22), os cinco primeiros pacientes transferidos do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A estrutura foi equipada com 197 leitos, sendo 173 de enfermaria adulto sem suporte de oxigenoterapia, mais 20 de suporte avançado e quatro de emergência.

Os pacientes internados na nova estrutura estão em leitos com suporte de oxigênio. Outros 15 pacientes, em fase de recuperação, FORAM transferidos nO sábado (23).


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »