O primeiro hospital está concluído. A estrutura foi montada no Estádio Nacional Mané Garrincha. Ao todo, são 197 leitos voltados para o combate da covid-19 — 173 de enfermaria sem suporte de oxigenoterapia, 20 de suporte avançado e quatro de emergência. Segundo a Secretaria de Saúde, a nova estrutura é referenciada pelo Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e, portanto, obedece ao fluxo dessa unidade. Na sexta-feira, o primeiro doente foi transferido para o local. “Os pacientes que necessitam de enfermaria de retaguarda serão transferidos de acordo com demanda estabelecida pela direção do Hran”, informou a pasta.
O custo da diária por leito na unidade é de R$ 2.240,55. O contrato para o período de seis meses, com o fornecimento de equipamentos, insumos e mão de obra ficou em R$ 79 milhões. Operação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e da Polícia Civil investiga o uso dos recursos (leia Sob investigação). Passada a pandemia e finalizado o contrato, todos os bens e equipamentos disponíveis no hospital montado no Estádio Nacional Mané Garrincha passarão a fazer parte do patrimônio da Secretaria de Saúde e poderão ser transferidos para outras unidades.
Outro hospital de campanha está em construção em Ceilândia. A região administrativa passou a figurar, nos últimos dias, entre as cidades do DF com maior número de casos. A unidade será instalada na QNN 27, no terreno ao lado da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e terá 2 mil m² construídos além da urbanização da área ao redor. A previsão é de que a obra esteja concluída em 60 dias e disponha, quando inaugurada, de 60 leitos (40 de enfermaria e 20 de UTI). O custo total é estimado em R$ 15,5 milhões. Após a pandemia, toda a estrutura será convertida em um hospital materno-infantil.
Uma doação da JBS também possibilitará mais leitos para o Distrito Federal. O frigorífico repassará R$ 11 milhões para que o Executivo local invista no combate à covid-19. Serão disponibilizados 80 leitos de três níveis, comportando unidade de terapia intensiva (UTI), semi-intensiva e acomodação de apartamentos. Não está definido se o espaço será inteiramente construído do zero ou aproveitará a estrutura de outra unidade. O prazo estimado de construção é de 45 a 60 dias.
O Complexo Penitenciário da Papuda foi outro local escolhido pelo Executivo para receber um hospital de campanha. Contudo, ontem, durante visita às obras, o governador Ibaneis Rocha afirmou que a implementação terá caráter definitivo. O número alto de casos da covid-19 no sistema prisional é uma preocupação constante, e a construção da unidade é vista como uma estratégia para tentar conter os danos da disseminação da doença entre os detentos.
O hospital terá 40 leitos — 30 de retaguarda e 10 com suporte respiratório — e a estimativa é de que seja liberado na próxima quinta-feira. O subsecretário de Infraestrutura em Saúde, Isaque Albuquerque, que acompanhou o governador na visita, detalhou os desafios encontrados ao construir uma unidade de saúde dentro do sistema carcerário. “Primeiro, é o prazo em face do cenário da pandemia dentro do complexo prisional que nos exigiu uma solução em um prazo muito curto. Segundo, é o cuidado com materiais, com fluxos que não são exclusivamente da assistência clínica ao paciente, mas que precisam ser compatibilizados com a equipe de segurança para evitar fugas e rebeliões. Então, o ambiente precisa estar preparado para uma assistência clínica ao doente e, ao mesmo tempo, reproduzir aspectos de segurança de uma unidade prisional”.
Ontem, durante visita às obras, o governador anunciou que quer uma unidade semelhante no complexo penitenciário feminino. “Vamos trazer dignidade, porque, uma hora, esse pessoal vai sair e eles têm que sair melhor do que entraram”, pontuou. Apesar do anúncio, o chefe do Executivo local não deu detalhes sobre o projeto.
Entre os itens necessários em todas as unidades do tipo, são imprescindíveis os respiradores, suporte de enfermagem, e rede de apoio. “São, basicamente, os mesmos predicados de um hospital convencional. A diferença é que não tem estrutura física, pode ser desmontado.” A seleção de pacientes, no entanto, vai depender do planejamento feito pelos gestores. “Pode ter desde leitos de suporte avançado, com serviço de bomba de infusão, até hemodiálise, ou hospitais de campanha de média complexidade”, pondera. “Tudo depende dos gargalos identificados.
Em 15 de maio, a Polícia Civil do DF e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) deflagaram a operação Grabato para investigar possíveis irregularidades no contrato de R$ 79 milhões para a instalação do hospital de campanha no Estádio Nacional Mané Garrincha. Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão para apurar suspeita de direcionamento. À época, por meio de nota oficial, a Secretaria de Saúde informou que colabora com as autoridades e preza pela transparência e lisura dos processos de compras e contratações, tanto nos casos regulares quanto nos emergenciais. A secretaria ressaltou que, em caso de quaisquer irregularidades, as punições serão aplicadas no rigor da lei.
Número de leitos: 197
Investimento: R$ 79 milhões
Número de leitos: 60
Investimento: R$ 15,5 milhões
Número de leitos: 40
Investimento: R$ 5,1 milhões
Número de leitos: 80
Investimento: R$ 11 milhões
Mesmo durante a quarentena, algumas obras continuam no Distrito Federal. Na manhã de ontem, o governador Ibaneis Rocha (MDB) visitou algumas delas, como as construções das novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Com investimento de aproximadamente R$ 28,5 milhões, mais R$ 7 milhões para aquisição de equipamentos e mobiliário, o chefe do Buriti afirmou que a entrega das sete unidades deve acontecer até dezembro deste ano. “Estamos vivendo este momento de pandemia, mas as obras do DF não param”, disse.
“Anunciamos, no ano passado, a construção de mais sete UPAs no DF. Conseguimos concluir a licitação, superando todas as etapas de forma legal, e temos as obras em andamento”, destacou Ibaneis. Iniciadas há cerca de um mês, atualmente, estão 9% concluídas. “Foram feitas a terraplanagem, drenagem e concluídas todas as fundações. Hoje, estamos no status de blocos de fundação e vigas para começar a subir as paredes”, afirmou Frederico Lara, gerente dessas obras.
As UPAs estão sendo erguidas em Brazlândia, Paranoá, Gama, Riacho Fundo 2, Vicente Pires, Planaltina e Ceilândia, que terá sua segunda unidade. A expectativa é de que, após concluídos, cada um desses centros de saúde possa atender a cerca de 4,5 mil pacientes por mês. A área total de cada instalação é de 1,2 mil metros quadrados, e a estrutura contará com 42 leitos de observação, 14 de emergência e sete de isolamento. O atendimento será feito por cinco médicos, que irão se revezar em turnos de dois a três profissionais pelo dia e pela noite.
De acordo com o presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), Sérgio Costa, a escolha dos locais ocorreu após processo de planejamento considerando a densidade populacional e as áreas de vazio assistencial. “É uma porta de entrada de urgência e emergência onde ocorre o acolhimento; a classificação de risco; e, dependendo das condições do paciente, a internação hospitalar ou abordagens e assistências necessárias; e, posteriormente, a alta.”
O governador também acompanhou o andamento das obras na DF-001, no trecho de 15km que fará a ligação entre Brazlândia e o Colorado. Para a primeira etapa, havia sido autorizada a construção de 8km da rodovia. Ontem, Ibaneis autorizou os 7km restantes do percurso. Até o momento, 3km estão asfaltados, 3km têm base pronta, e os operários trabalham no trevo de acesso à DF-220. “Mais dois meses de obra, e a gente conclui tudo”, garantiu Fauzi Nacfur Junior, diretor-geral do Departamento de Estradas e Rodagens (DER-DF).