O ato neste domingo, 7, contra o presidente Jair Bolsonaro, que começou no Largo da Batata, na capital de São Paulo, ocorreu pacificamente até por volta das 18h40 quando a Polícia Militar (PM) usou bombas de efeito moral para dispersar manifestantes que estavam na região do bairro de Pinheiros e queriam seguir para a Avenida Paulista.
“Quem ficou na rua até essa hora, quase 19h, é alguém que não está querendo boa coisa, e fica ali confrontando a polícia”, disse o secretário-executivo da PM coronel Alvaro Camilo para a emissora CNN. “A polícia vai usar progressivamente a força. Se as pessoas tentarem agredir os policiais, o patrimônio. E isso pode incluir água, munição química. Não queremos isso. Queremos restabelecer a ordem e que as pessoas voltem para suas casas. Essa é a orientação do Governo do Estado.”
Segundo o secretário-executivo da PM, 17 pessoas foram detidas. “Meia dúzia de vândalos não representam os manifestantes. O dia inteiro o protesto ocorreu de forma pacífica”, afirmou ao Estadão.
Além das bombas de efeito moral, a PM acionou a tropa de choque e um caminhão apto para lançar água nos manifestantes nas ruas de Pinheiros. Nos prédios, as pessoas bateram panelas nas varandas e janelas, gritaram palavras de ordem contra o Jair Bolsonaro, e jogaram ovos em direção aos policiais.
Na dispersão, manifestantes quebraram vidro de agência bancária na Rua dos Pinheiros e viraram caçamba de entulho próximo ao Largo da Batata. O ato contra o presidente terminou oficialmente por volta das 16h20 no Largo de Pinheiros, no entanto um grupo se dispersou e subiu a Rua dos Pinheiros.
Durante a tarde, a manifestação chegou a fechar as duas vias da Avenida Faria Lima e ocupou parte da Praça até a Igreja Nossa Senhora Senhora do Monte Serrante. Embora a maioria dos manifestantes usasse máscaras, o distanciamento de 1,5 metros entre cada pessoa não foi respeitado totalmente.
A Polícia Militar montou um cordão de isolamento na Rua do Pinheiros, na esquina com Rua Mateus Grou por volta das 16h45. Segundo oficiais que acompanham a mobilização, o objetivo é evitar que o protesto anti-Bolsonaro chegue até a Paulista, embora o ato ainda esteja a cerca de 2,5 km da avenida.
O bloqueio foi feito com escudos e policiais que portam armas que disparam balas de borracha e bombas de efeito moral. Um caminhão tanque, que usa jatos de água para dispersar multidões, também foi levado para o local.
A manifestação ocorreu de forma pacífica, com manifestantes ocupando uma extensão de quase 700 metros entre o ponto do bloqueio e o Largo da Batata.
Os líderes do ato se revezam em apenas um carro de som: dirigentes estudantis, do MTST, de torcidas e de grupos antirracismo. Por volta das 18h, eles dispersaram e deram por encerrada a parte mais institucional do ato. Apesar disso, alguns integrantes do grupo optaram por seguir o ato, em frente à barreira montada pela PM.
No meio da tarde, alguns manifestantes entregaram cravos para integrantes da PM no Largo da Batata – referência à Revolução dos Cravos contra os fascistas em Portugal. Alguns policiais aceitaram as flores, mas depois foram orientados a devolvê-las.