11/06/2020 às 07h35min - Atualizada em 11/06/2020 às 07h35min

De novo? Suplente do senador Izalci é alvo da PF por fraude em respiradores

André Felipe Oliveira da Silva chegou a ser preso há um mês por participação no processo de compra do equipamento para o governo do Rio

Caio Barbieri
METRÓPOLES
O segundo suplente do senador Izalci Lucas (PSDB)André Felipe Oliveira da Silva, de 52 anos, foi alvo de mandado de busca e apreensão acusado de envolvimento em fraude na aquisição de respiradores para pacientes com Covid-19 pelo Governo do Pará. É a segunda vez, em menos de um mês, que o empresário entra na mira da Polícia Federal (PF) por suspeitas de irregularidades na negociação dos ventiladores mecânicos.
 

Na primeira operação, batizada de Profilaxia, criada para investigar desvios no Rio de Janeiro, ele chegou a ser preso. André Felipe atuou como representante comercial da SKN do Brasil Importação e Exportação, responsável pelas vendas. O pagamento foi feito à empresa de forma antecipada.

Segundo a Procuradoria-Geral da República, os integrantes da empresa sabiam que o modelo do equipamento não era adequado para o tratamento, tendo uma força menor do que a necessária para a ventilação dos pacientes.

Em apartamento na Asa Sul

Na primeira operação da PF durante a pandemia, o empresário estava em um apartamento na Asa Sul quando foi preso e levado à Superintendência Regional da Polícia Federal no DF. No imóvel, foi apreendido um disco rígido de computador.

Na Operação Para Bellum , realizada nesta quarta-feira (10/06), foram realizados 23 mandados de busca e apreensão no Pará e em mais cinco estados (RJ, MG, SP, SC, ES) e no Distrito Federal. O governador do estado, Hélder Barbalho, também foi alvo no Palácio dos Despachos, sede do governo, e nas secretarias de Saúde, Fazenda e Casa Civil. André Felipe é investigado por integrar a empresa que forneceria o produto para o executivo paraense.

A assessoria do senador Izalci Lucas foi procurada, mas não havia se manifestado até a publicação da reportagem. 
 

Fraude

A compra dos respiradores, com dispensa de licitação, para tratar pacientes com Covid-19, custou ao estado R$ 50,4 milhões. Metade do pagamento, de acordo com a PF, foi feito à empresa fornecedora dos equipamentos de forma antecipada.

Os aparelhos, no entanto, eram de modelo diferente do contratado e não serviam para o tratamento da Covid-19 e foram devolvidos. No caso da primeira operação, os equipamentos não chegaram.

Na visão do ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), há provas que apontam fraude de licitação e prevaricação (contra a administração pública) cometidas pelo chefe do Executivo estadual. Falcão informou também que não se pode afastar possível ato de corrupção.

Além do governador Hélder Barbalho, é alvo das buscas o presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame. Outras 11 pessoas, incluindo sócios da empresa investigada e servidores públicos estaduais, também são alvos dos mandados.


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