11/06/2020 às 07h44min - Atualizada em 11/06/2020 às 07h44min

Opiniões sobre lazer na W3 Sul são divergentes

CDL vê abertura da via apenas para pedestres como oportunidade para revitalizar o comércio

Moradores da Asa Sul, Câmara dos Lojistas (CDL) e Sindivarejistas reagiram ao decreto que determina, a partir de hoje, a abertura da W3 Sul, aos domingos e feriados, das 6h às 17h, para a prática de atividades físicas.

Para o vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista), Sebastião Abritta, fechar as vias para os carros neste momento trará problemas aos moradores e para o comércio das quadras 100, 200 e 300.

“Prejudica o morador das 700. Para ele ir às 200, 300, vai ter que ir até o final da W3 ou pelo setor comercial para descer. O pessoal do varejo não foi convocado para acompanhar essa decisão”, explica. “Acho que, aos poucos, temos que liberar [a via] para as pessoas fazerem atividades físicas. Isso [fechar a W3] mexe em toda uma estrutura.”

O representante do Sindivarejista acrescenta que a Asa Sul já está muito bem servida de espaços para realização de exercícios físicos. “Temos o Parque Olhos D’água, Parque da Cidade, o próprio Eixão para isso. As pessoas têm espaço o suficiente para tomar distância umas das outras, com uso de máscara e álcool em gel. A economia tem que conviver com esse momento de pandemia, até porque já são mais de 90 lojas fechadas nas W3 Sul e Norte”, complementa.
 

Identidade com Brasília

O Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Distrito Federal (CDL-DF), José Carlos Magalhães Pinto, entende que a abertura da W3 Sul para exercícios físicos é uma forma de resgatar a identidade de
Brasília.

“Tem tudo a ver do ponto de vista do comércio esse fechamento, desde que seja muito bem feito e não bloqueie todos os cruzamentos, você cria um movimento na avenida comercial que está sendo resgatada, e faz parte da imagem de Brasília”, diz o presidente da CDL. “Você acaba transformando aquilo ali em uma área de convivência, um shopping aberto talvez. Se isso for
duradouro, pode ser muito bom para o comércio, porque é uma avenida abandonada e precisa dessa identidade”, frisa José Carlos.

O morador da 215 Sul, Pompílio Gomes, 60 anos, que tem costume de correr pelas entrequadras, discorda da novidade. “Não dá para controlar a pandemia assim. Fecham as academias, mas liberam para as pessoas caminharem aqui. Eu mesmo comprei um remador pra eu treinar em casa. Essa decisão é mais para justificar que o sistema de saúde daqui do DF ainda não entrou em colapso”, opina o aposentado.

O estudante de Direito e morador da 910 Sul, André Machado, 33 anos, concorda com Pompílio e acrescenta que o fechamento das vias para prática de atividade física deveria ocorrer após a pandemia.
 

“Acho que a aglomeração tem que ser evitada o máximo possível. Ainda mais neste momento de curva crescente do contágio da doença. É importante fazer exercícios, mas as pessoas deveriam ficar em casa para não incentivar essa aglomeração. Quanto mais pessoas eu vejo na rua, mais inseguro eu fico”, comenta o rapaz.

O dono da banca de jornal na 512 Sul, Romeu Soares, 62 anos, não vê muita diferença no fechamento ou não das vias neste período. “De repente é bom, temos que ver como vai ser. Mas se o povo tiver consciência, não vejo problema de aglomeração. Porque as pessoas vão ao mercado e lotérica, por exemplo. O bicho está pegando mesmo. Mas é um experimento, vamos ver”, afirma Romeu.

Secretaria

Procurado pela reportagem, o GDF informou que a Secretaria de Esporte e Lazer (SEL-DF) “tem defendido a prática de exercícios como forma de controlar as doenças cardíacas, hipertensão e diabetes, algumas das quais podem agravar os quadros de infecção pela covid-19. O comércio não funcionará no feriado e aos domingos, não havendo assim maior fluxo de pessoas”, diz a nota.

Em contrapartida, a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) informa que apenas os estabelecimentos comerciais da W3 Sul previstos no Decreto 40.817/20 estão autorizados a funcionar.
 

Saiba mais

» “A DF Legal e os demais órgãos da força-tarefa do GDF fiscalizam diariamente as medidas de segurança sanitária por todo o DF. Além disso, a fiscalização do uso de máscaras também é feita diariamente e está sujeito a multas, conforme o Decreto 40.776/20”, declara a pasta, que irá trabalhar em conjunto com a Polícia Militar do DF (PMDF) na fiscalização.

» O Detran-DF é outro órgão que vai participar da fiscalização, com um efetivo de trânsito na W3 Sul contendo 52 agentes de trânsito distribuídos em 21 viaturas. A interdição se dará entre as quadras 503/703 Sul até a 515/715 Sul, nas três faixas, nos dois sentidos, no horário estabelecido de 6h às 17h.

» Os cruzamentos da 702/703 Sul e da 714/715 Sul ficarão abertos. Com isso, o acesso ao Santuário Dom Bosco estará liberado para as festividades de Corpus Christi, assim como o acesso ao Setor Hospitalar Sul (SHS).


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