Na verdade quem está conduzindo a questão da pandemia [coronavírus] não é o presidente. São os governadores e prefeitos. O STF entendeu que nós somos um país federalista. Chegando a essa conclusão, essas decisões têm que ser tomadas pelo Estado e pelo município. Olha para os Estados Unidos. O Trump interfere nisso? Não. Porque lá, mais do que aqui, o poder é local. O nosso país se chama República Federativa do Brasil. Se é uma federação, ele é formado por Estados, e estes precisam ter autonomia. Não acho que necessariamente precise estar nas mãos de um homem só. População deve cobrar dos governadores.
Veja bem, onde é que esse remédio tem que ser discutido? Na ciência, nas universidades, nos laboratórios. Se o médico me disser que eu tenho que tomar, eu vou tomar. Como vou fazer uma questão técnica de um remédio virar uma questão política? É uma coisa impensável.
Acaba criando problemas. Nós enquanto cidadãos, temos que ter o poder na mão. Temos que avaliar esses caras [poderes], seja lá quem for. Se não estiverem, na próxima eleição, vamos botá-los para fora. A gente acaba elegendo sempre os mesmos. O cara tem mandato e foro privilegiado no STF.
Acredito que há sim. A decisão no supremo ao invés de ser colegiada, ou seja, de 11 ministros, ela passou a ser uma decisão monocrática. Um único ministro tem uma cabeça, outro tem outra. Consequentemente cada um puxou para o seu lado. O problema é que somos o STF que mais aparece na mídia. Por exemplo, se você for aos Estados Unidos e perguntar quem são os membros do STF lá, ninguém sabe. O pessoal [do STF] acabou virando “estrela da mídia”. Com isso há um preço a pagar. Uns apoiam e outros não.
Que há uma guerra de vaidades eu não tenho dúvidas. O pessoal [do STF] não consegue segurar o ego. Não devia misturar isso com seu trabalho com o ministro do Supremo. O ministro é o topo do poder judiciário. Esse pessoal deveria ficar preocupado com isso [com a lei]. Essa participação forte na mídia não ajuda. Quando você expressa uma opinião na mídia, você acaba dividindo a opinião pública.
A decisão monocrática deveria ocorrer só em casos extremos, onde não haja tempo de reunir o pleno do Supremo para decidir. Quem também provoca o STF para que ele intervenha no executivo e legislativo, são esses próprios poderes. Quantos deputados, senadores, membros do governo entram com ações no Supremo? Entrando com ações no Supremo, o Supremo se vê no direito de dar uma resposta. Para isso, deveria mudar a legislação brasileira, mas isso é uma briga para cachorro grande.
Não acredito que haverá prorrogação de mandato. Terá eleição esse ano, ainda que não em outubro. Já tivemos no passado esse modelo em que você votava na mesma eleição para vereador, prefeito, deputado estadual, federal, senador, governador e presidente. Houve uma confusão tão grande na hora da eleição. As pessoas tinham que eleger todo mundo e acabam se perdendo completamente na hora da escolha. Precisaríamos ter uma educação política no país muito mais avançada.
Eu sempre tive Kombi, mas hoje eu vendi ela, estou a pé. Quando comecei a trabalhar na Record, varias vezes eu fui de Kombi, e quando chegava no portão, o porteiro não abria, eu buzinava e ele não abria a porta, ele falava: “entrega é lá no fundo”. Era uma coisa meio inusual, mas eu gosto de Kombi, tive cinco ou seis na minha vida, minha família andou muito de Kombi, então sabe quando você tem uma paixão? Durante 30 anos eu tive Kombi.
Ela veio de mim diretamente. Eu sou budista desde os 22 anos de idade, eu fui monge leigo em uma comunidade budista aqui em São Paulo. Aprendi muito e me eduquei numa comunidade budista. Continuo sendo budista, pratico, mas a minha família não, a minha família é formada por católicos, espíritas, pessoas de outras religiões.
É uma experiência extraordinária, pra você ter uma ideia, o Jornal da Record News foi o primeiro jornal da televisão brasileira em multiplataformas. Quando ele nasceu, ele já nasceu na televisão e simultaneamente no streaming, no portal R7. E eu sou uma pessoa que estuda, observa isso, tenho trabalho sobre mídias sociais, e fui colocando o jornal cada vez mais o jornal em varias plataformas. […] Eu gosto muito disso, não tem outra alternativa. Todo mundo tem um aparelho desses aqui (celular), e isso aqui não é só um receptor, é também um transmissor. Então é uma fase completamente nova da comunicação que nós estamos entrando, na chamada ‘4ª Revolução Industrial’.
Fake news no jornalismo sempre teve, desde a época do império brasileiro. Se você olhar alguns acontecimentos históricos, vários foram provocados por fake news publicados em jornal. A diferença é que a internet é uma potência extraordinária, tem um alcance global. Isso faz com que nós, que trabalhamos com jornalismo, tenhamos que tomar muito mais cuidados agora do que no passado. […] Agora é tudo numa velocidade muito forte, e temos que ter o máximo de cuidado pra não divulgar coisas que não aconteceram.
Tem três letras que podem ilustrar bem sobre a recuperação da economia. Uma é a letra V, caímos rapidamente mas recuperamos rapidamente, essa é uma possibilidade. A segunda é a letra U, ou seja, a gente caiu, ficamos lá no fundo um tempo que a gente não sabe qual é e depois começamos a recuperar. A terceira letra é o W, aquela que cai, sobe, cai, sobe… Então essas três letras de certa forma mostram três caminhos diferentes pelos quais a recuperação pode acontecer. Eu espero, sinceramente, que seja a letra V.