16/06/2020 às 18h51min - Atualizada em 16/06/2020 às 18h51min

MPF vê “fortes indícios” de que Flávio tenha lavado dinheiro com imóveis

Segundo parecer da procuradoria, os bens foram valorizados em mais de 200% depois da aquisição pelo senador

O Ministério Público Federal (MPF) afirmou ter fortes indícios contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e a esposa, Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, em acusações de lavagem de dinheiro na compra de três imóveis de luxo no Rio de Janeiro.
 

O parecer do procurador da República Sérgio Pinel, no entanto, não é a conclusão do caso. A manifestaçãoé usada somente para decidir se a responsabilidade pela apuração do caso é do órgão federal ou do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). No entender do procurador, cabe ao MP estadual investigar as acusações contra Flávio.

“As circunstâncias em que as compras foram feitas sugerem que os registros do valor foram subavaliados, com parte sendo paga por fora, em típico modus operandi de quem pretende ocultar a proveniência ilícita dos recursos e os converter em ativos lícitos com uma valorização irreal dos bens comprados”, argumentou Pinel, no documento.

Um dos imóveis foi adquirido em 2012, na Rua Barata Ribeiro, orçado em R$ 170 mil, de acordo com o procurador. O outro, na Avenida Prado Júnior, custeado em R$ 140 mil. No parecer, Pinel disse que o primeiro foi vendido um ano após a compra e o outro dois anos depois, “com uma impressionante valorização de mais de 200% em curto período”

Já o terceiro foi adquirido em 2016, nas Laranjeiras, no valor de mais de R$ 1,7 milhão. “A circunstância de um boleto bancário para quitação de parcela de imóvel ser pago por terceiro também é um típico modus operandi de quem pretende ocultar a proveniência ilícita dos recursos e os converter em ativos lícitos”, afirmou o procurador.

“Os crimes de lavagem de dinheiro cometidos com a contribuição de empresas no exterior, em geral, são mais complexos, ao passo que, no presente caso, por mais paradoxal que possa parecer, os possíveis crimes foram praticados sem qualquer sofisticação, tendo os supostos agentes criminosos comprado imóveis em nome próprio”, finalizou o procurador, na manifestação.


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