Os fármacos estão em estoque baixo ou praticamente zerados em várias unidades da Federação, incluindo Brasília. Entre as substâncias necessárias, sedativos e bloqueadores neuromusculares, os quais tiveram aumento da demanda em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
“Tenho a honra de dirigir-me a Vossa Excelência a fim de ressaltar a dificuldade enfrentada pelos estado e pelo Distrito Federal para adquirir diretamente os medicamentos integrantes do chamado ‘kit de intubação’, utilizados em larga escala nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) dos hospitais públicos no tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus”, escreveu o chefe do Executivo local.
Ainda segundo ele, os referidos fármacos são importantes “para garantir a capacidade de ação das redes estaduais e distrital de saúde no enfrentamento da pandemia de Covid-19”, emendou.
Com a dificuldade de acesso aos remédios, Ibaneis sugeriu que o ministro interino da Saúde coordene a obtenção emergencial e também a distribuição dos medicamentos, “mediante compra centralizada no mercado nacional ou aquisição, por intermédio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), no mercado internacional”.
Nesta quinta-feira (25/06), o Metrópoles noticiou que a falta de sedativos para uso em pacientes entubados, principalmente naqueles acometidos pelo novo coronavírus, acendeu a luz amarela entre os profissionais da Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
A reportagem apurou que pelo menos quatro medicamentos estão zerados nos estoques da farmácia de abastecimento. São eles: cisatracúrio, rocurônio, atracúrio e pancurônio, alguns dos mais indicados para quadros de ventilação mecânica no Brasil.
Documentos obtidos com exclusividade pelo Metrópoles revelam a preocupação dos profissionais de saúde, principalmente com pacientes de síndrome respiratória aguda, uma das complicações da Covid-19, sobre qual protocolo usar durante a crise do novo coronavírus.
“Solicitamos seus bons préstimos no sentido de elaborar um protocolo alternativo de sedação para pacientes em ventilação mecânica, Covid-19 positivo, considerando que há um desabastecimento de bloqueadores neuromusculares em nossas farmácias. Tal solicitação visa a uniformidade e orientação destinadas aos médicos intensivistas da SES-DF”, alertou Carlos Ferreira Portilho, superintendente da Região de Saúde Central, em documento assinado no fim do mês de maio.
Mais recentemente, em 15 de junho, outro comunicado da pasta, dessa vez assinado pela subsecretária de Logística da Saúde, Mariana Mendes Rodrigues, informa o fim do estoque de cisatracúrio, rocurônio, atracúrio e pancurônio no Núcleo de Farmácia Hospitalar da rede.
Confira os documentos:
Os bloqueadores neuromusculares conseguem causar a paralisia dos músculos esqueléticos, por meio de uma interrupção na carga dos impulsos nervosos. A droga é usada de forma paralela à anestesia, por exemplo, justamente para induzir a paralisia muscular para a segurança dos procedimentos, como entubamentos.
Como o bloqueio neuromuscular pode paralisar os músculos necessários para a respiração, o uso de equipamentos de ventilação mecânica é sempre necessário, assim como o de analgésicos, já que os pacientes sentem dor mesmo após o efeito causado pelo bloqueio do sistema nervoso.
Procurada pela coluna, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal disse que “a rede está abastecida de fentanil, alfentanila e atracúrio, que são usados para a sedação e intubação dos pacientes”.
Contudo, a pasta reconheceu que “quanto aos demais medicamentos citados, tanto o DF como os outros estados estão enfrentando dificuldades para aquisição devido à escassez dos produtos no mercado”.
De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), pelo menos 13 tentativas recentes para a aquisição dos medicamentos para sedação não tiveram êxito ou terminaram sem ofertas ou com propostas acima do edital. O motivo é a alta procura pelos produtos durante a pandemia.