07/07/2020 às 05h59min - Atualizada em 07/07/2020 às 05h59min

Ex-subsecretário do DF responderá por racha, com lesão corporal

Condutor perdeu cargo de subsecretário de Convênios e Parcerias da Secretaria de Esportes do DF. Motorista do Audi está em estado grave

Para a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) não restam dúvidas de que os motoristas envolvidos em um acidente no Noroeste, nesse domingo (5/7), estavam disputando um racha automobilístico. Em coletiva de imprensa, o delegado da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), João Guilherme Medeiros Carvalho, afirmou que as imagens e os depoimentos das testemunhas foram cruciais para a investigação.
 

“A filmagem comprova e ouvimos depoimentos de cinco testemunhas que comprovam a disputa automobilística. Uma das testemunhas, que mora no local, informou ter escutado os condutores organizando corrida e abrindo contagem”, detalhou o delegado.

O condutor da Mercedes-Benz responderá por racha com a qualificadora de lesão corporal. A pena é de 3 a 6 anos e não permite liberação por pagamento de fiança. O veículo era dirigido pelo recém-nomeado subsecretário de Convênios e Parcerias da Secretaria de Esportes do DF, Wesley Wenisgton Vieira dos Santos. Ele foi preso em flagrante após participar do racha, e sua nomeação no GDF foi tornada sem efeito.

De acordo com o investigador, o motorista da Mercedes-Benz se recusou a realizar teste de alcoolemia. “Visualmente não aparentava estado de embriaguez”, disse. Com a recusa, Wenisgton foi submetido a um exame visual no Instituto de Medicina Legal (IML). Ele segue preso, até que seu futuro seja decidido em audiência de custódia.

Além da Merceds-Benz, um Audi também estava envolvido: o motorista perdeu o controle e acabou gravemente ferido.

Motorista do Audi, Pedro Luca Lima Gabriel, 22 anos, foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF). Morador de Águas Claras, ele perdeu o controle e capotou o veículo. Inconsciente, o jovem foi levado para o Hospital de Base com fratura exposta no tornozelo esquerdo, fratura na costela direita, pneumotórax e corte na cabeça. O carro era alugado.

O motorista do Audi, por sua vez, responderá pelo crime de racha. “Está preso no Hospital de Base, em estado grave e com escolta policial hospitalar”, afirmou o delegado.

“Carros voaram”

Em depoimento à Polícia Civil, uma testemunha deu detalhes do episódio. O homem contou que estava com a namorada passeando com o cachorro do casal, por volta das 22h, quando viu dois carros apostando corrida. Os veículos seguiam em direção ao Setor Militar Urbano (SMU) e, em menos de um minuto, desceram a pista em alta velocidade.

Devido a um desnível da via, os dois automóveis “voaram”, segundo relato da testemunha, tirando os quatro pneus do solo. Em seguida, colidiram um com o outro.

A testemunha detalhou que após a colisão o Audi voltou para a pista, onde capotou ao menos três vezes, parando na grama no sentido da reserva indígena. Ao ver o acidente, o homem entregou o cachorro para a namorada e correu para prestar socorro.

O morador do Noroeste afirma que o condutor da Mercedes saiu do seu veículo andando, aparentemente sem lesões, para verificar se o motorista do outro carro, que segundo ele era seu amigo, estava bem. Como a porta do Audi estava presa, eles forçaram a ferragem e conseguiram abrir o automóvel.

Ao retirar o airbag do rosto de Pedro, a testemunha percebeu que havia muito sangue, mas que o jovem estava apenas desmaiado.

Ainda segundo relato da testemunha à PCDF, o motorista da Mercedes tentou acordar Pedro, sem sucesso. Em seguida, o Corpo de Bombeiros foi acionado. A partir daí, o condutor que não se machucou não foi mais visto.

Outro lado

Metrópoles pediu posicionamento da Secretaria de Esportes. Por meio de nota, a pasta disse, inicialmente, que “aguarda a apuração dos fatos sobre o envolvimento do servidor Wesley Wenisgton Vieira dos Santos no acidente de trânsito para tomar as devidas providências”.

Em seguida, o órgão enviou nova manifestação informando que Wesley Wenisgton foi nomeado na última sexta-feira (3/7), mas ainda não havia tomado posse. “O ato será tornado sem efeito até a apuração dos fatos”, concluiu a secretaria.


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