Quando o assunto é vinho brasileiro, a primeira região que vem a mente é o Sul. Por lá, os estados são recheados de vinícolas e conhecidos por produzir a grande maioria dos rótulos brasileiros. Infelizmente, a capital brasiliense nunca foi uma referência no assunto… até agora. Está em construção um projeto inédito na região: a Vinícola Brasília.
A iniciativa surgiu a partir de uma parceria entre dez agricultores que produzem no Projeto de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD-DF). “Nós somos famílias com aptidão agrícola, que já tinham fazendas e uma vontade imensa de fazer bos vinhos. Com esse pensamento, decidimos unir forças e reduzir custos para levar ao cliente do Distrito Federal um rótulo de qualidade”, explica o produtor e vitivinicultor Ronaldo Triacca.
Prevista para ser inaugurada em maio de 2021, a operação promete produzir vinhos finos e de qualidade na capital. “A expectativa é de 200 mil litros por ano com, no mínimo, dez rótulos. Cada propriedade está preparando um rótulo próprio para ser disponibilizado para a população”, contou em entrevista ao Metrópoles.
Segundo ele, além dos rótulos de cada família, a vinícola terá produtos comuns ao grupo, feitos com uvas das dez propriedades. “Teremos a marca Vinícola Brasília, que provavelmente será um blend especial de uvas”, entrega Triacca. “Queremos apresentar as maravilhas que nossos terroirs do Cerrado podem oferecer e colocar o DF e o Goiás na rota do vinho do Brasil”, completa o produtor e sócio do empreendimento.
Questionado sobre as condições de terra e bioma para a plantação e cultivo de uvas próprias para vinhos, Triacca explicou que em todos os vinhedos serão utilizados a técnica de dupla poda. “Esse é um sistema de produção que inverte o ciclo da videira. Dessa forma, a colheita ocorre nas épocas secas, proporcionando maior sanidade às plantas e colheitas em ótimos estágios de maturação, o que favorece uma maior concentração dos compostos fenólicos”, complementa.
Em toda a Vinícola, a principal casta é a Syrah, que se deu muito bem nas condições climáticas do Cerrado. “Outras castas fazem parte do nosso projeto, como: Cabernet Franc, Marselan, Malbec, Sauvignon Blanc, Viognier, Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, Vermentino e Petit Verdot.”
Ronaldo indica que a Vinícola é uma sociedade colaborativa. “Antes de virarmos sócios já éramos amigos e amantes do vinho”, garante. A nova empresa é formada pela Miro Vinhos e Vinhedos Ltda, a Ercoara – Cordeiro e Vinho, a Hartos – Vitivinicultura, a Vinícola Marchese, a Oma Sena Vinhos e Vinhedos, a Horus Vinhos e Vinhedos do Planalto, a Casa Vitor, a Toscana do Cerrado, a Vista Da Mata, e a Villa Triacca Eco Pousada e Vinhos.
Com o projeto arquitetônico desenhado por arquitetos locais, a vinícola pretende encantar os apaixonados por vinhos, turistas e leigos. “Queremos fazer da parte leste do DF uma rota do vinho. As propriedades estão se preparando para receber pessoas, fazer passeios harmonizados e eventos que valorizem a cultura do vinho local”, planeja o vinicultor. Dentro da vinícola também haverá um wine bar com os rótulos da capital e um espaço para eventos.
Antes mesmo da Vinícola começar a funcionar, os frutos da operação já começaram a aparecer. Neste mês, o primeiro vinho produzido inteiramente em Brasília foi lançado: o Seu Claudino. O rótulo é um sirah e foi uma homenagem de Ronaldo ao pai, um dos agricultores pioneiros que vieram do Sul para cultivar terras do cerrado no Projeto de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD-DF).
O evento oficial de lançamento será na Villa Triacca Eco Pousada e Vinho em meados de agosto.
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