Renan Calheiros inventou uma modalidade sui generis de rompimento político. O senador se afasta do governo do correligionário Michel Temer em ritmo de conta-gotas. Pinga sua insatisfação nas redes sociais. Nesta quinta-feira (30), deixoi cair uma gota mais caudalosa. Num vídeo curto, desancou as penúltimas medidas anunciadas pelo ministro Henrique Meirelles (Fazenda), para cobrir o rombo extraordinário de R$ 58 bilhões que se abriu ao lado da cratera ordinária de R$ 139 bilhões.
“O corte de investimento público, a reoneração da folha de pagamentos, aumento de imposto, terceirização geral, tudo isso junto só vai drenar as energias de uma economia que não consegue se levantar”, bateu Renan. “O governo precisa conversar antes.”
Os operadores políticos do governo têm desperdiçado muita saliva com Renan. Por mais que conversem, não conseguem entender o que deseja o pajé do PMDB do Senado. Logo, logo perceberão que Renan busca algo que Temer não pode prover. Com a reeleição para o Senado ameaçada em Alagoas, o crítico de ocasião precisa de companhias mais populares. Achega-se rapidamente a Lula. E torce para o Judiciário não retire a carta do PT do baralho de 2018.