12/08/2020 às 07h39min - Atualizada em 12/08/2020 às 07h39min

Esquerda racha e PT boicota Boulos em São Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai entrar na campanha eleitoral para a prefeitura de São Paulo com o objetivo de tentar desconstruir a candidatura de Guilherme Boulos, do Psol. Os dois partidos sempre foram aliados, mas agora o PT, assustado com as adesões ao nome do ‘defensor dos sem teto’, decidiu reagir para tentar emplacar o petista Jilmar Tatto na cadeira hoje ocupada pelo tucano Bruno Covas.

Na semana passada, artistas e intelectuais ligados ao partido, como Chico Buarque e a filosofa Marilena Chauí, assinaram um manifesto de apoio a Boulos. A vice dele será Luiza Erundina. Nesta segunda-feira, 10, foi a vez do ex-chanceler Celso Amorim, fundador do PT, aderir à candidatura do adversário do Psol.

“O Celso é uma pessoa muito querida por todos nós, mas não tem muita influência em São Paulo”, minimizou o deputado estadual José Américo Dias, um dos coordenadores da campanha de Tatto.

Este é o discurso oficial do partido. Em conversas privadas, no entanto, petistas admitem que este tipo de apoio, embora não tenha impacto eleitoral direto (Amorim e Chico, por exemplo, votam no Rio), pode corroer o apoio petista junto à classe média, dar margem para outras deserções e dificultar os esforços para Tatto ganhar musculatura.

Reportagem do Estadão lembra que, escolhido com apenas 15 votos de vantagem sobre o deputado Alexandre Padilha em um colégio de mais de 600 votantes, Tatto entrou na disputa fragilizado e sua candidatura foi questionada internamente desde o primeiro momento.

Por isso, Tatto deve ir até Lula nos próximos dias para pedir pessoalmente a entrada do ex-presidente em sua campanha. O plano inicial de Lula é se dedicar às eleições municipais apenas a partir de setembro, quando começa o calendário eleitoral oficialmente. Na semana passada, o petista não participou de um ato de lançamento do site oficial da campanha de Tatto.

O ex-presidente preferia outro nome para disputar a eleição na maior cidade do Brasil, mas não teve força para impedir a escolha de Tatto. O candidato tem se esforçado nas últimas semanas para reunificar o partido. Levou o ex-prefeito Fernando Haddad e seus adversários na disputa interna Padilha e Américo (que apoiou o deputado Carlos Zarattini) para a coordenação de campanha.

Até o fim da semana um grupo de artistas de São Paulo deve soltar um manifesto de apoio a Tatto. O grupo, até agora, não tem nomes de peso. Os mais conhecidos são os atores Sérgio Mamberti e Celso Frateschi. Uma plenária virtual será realizada no dia 31 para o lançamento do plano de governo de Tatto para a área da Cultura. São esperadas 300 pessoas, na maioria gestores culturais ou representantes de classe.

Em um esforço para tentar ampliar seu eleitorado, o candidato deve participar de outras plenárias com trabalhadores das áreas de educação e saúde até o início de setembro. “Já houve uma recomposição interna no PT. Não existe mais resistência interna e está todo mundo na campanha”, disse José Américo.

 
 

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