Em busca de explicações sobre o acidente que matou o estudante João Vitor Domat Remus, 13 anos, a família do ex-aluno do Sigma registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Tocantins. O garoto encostou em uma parte de metal do carregador de celular ao tentar tirar o aparelho da tomada, recebendo uma descarga elétrica.
João Vitor passou 10 dias internado, mas não resistiu e morreu na quinta-feira (6/8), em Palmas (TO), onde a família, moradora de Brasília, se refugiou durante a pandemia do novo coronavírus.
De acordo com informações da Polícia Civil do Tocantins ao Metrópoles, o inquérito instaurado para investigar o caso está na fase inicial. O carregador do celular foi encaminhado à perícia. A apuração da tragédia ficará a cargo da 1ª Delegacia Especializada de Atendimento a Vulneráveis (DAV – Palmas).
“Meu filho perdeu a vida por uma idiotice. É doloroso. Essa dor é insuportável. Ela é física, ela dói. E por causa de um acidente banal, sabe?, disse Frederico Remus, o pai do menino, em entrevista ao Metrópoles.
Os pais de João entendem que houve omissão e negligência por parte dos órgãos responsáveis pela fiscalização da telefonia móvel no país.
“Alguém foi omisso. Que seja o Inmetro, que seja a Receita Federal através dessa ‘lixaiada’ que está chegando no país. Porque, na nossa vida, eles mexem muito. Agora, num contêiner desse não mexem?”, esbravejou Frederico, referindo-se ao modo como produtos chegam ao Brasil. “Vou tomar providências”, garantiu.
A família vai aguardar o resultado da perícia para entrar com ação civil pública. Frederico revela que já foi procurado pela Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do DF (OAB-DF), que demonstrou sensibilidade com o caso e se colocou à disposição dos pais para tomar as medidas legais e jurídicas cabíveis. Uma campanha da entidade, para conscientização de pais sobre os riscos do choque elétrico, será iniciada na próxima segunda-feira (17/8).
“Lamentamos profundamente o ocorrido. Prestamos a nossa solidariedade desde o início orientando a família neste momento de dor, e acompanharemos as investigações para avaliar quais procedimentos iremos adotar, sendo que ainda hoje, já estamos formatando uma campanha de alerta aos pais sobre os perigos desse tipo de acidente doméstico, em especial com a rede elétrica. Em breve, teremos outras informações de novos procedimentos que serão adotados”, disse o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, Adolescente e Juventude da OAB-DF, Charles Bicca.
O garoto morou em Brasília até o início da pandemia e era aluno do Colégio Sigma. O enterro ocorreu na tarde de sábado (8/8), no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul.
Procurada, a instituição de ensino confirmou e lamentou a morte do ex-aluno. “É com muita dor que a comunidade escolar do Colégio Sigma manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento do ex-aluno João Vitor Domat Remus na última semana ao sofrer um acidente em sua casa em Palmas, no Tocantins”, diz a nota.
Segundo o colégio, todos os envolvidos nas atividades, “diretores, colaboradores, professores e colegas da escola se solidarizam com a família”, finaliza.