05/04/2017 às 10h59min - Atualizada em 05/04/2017 às 10h59min

Só o voto tira os bandidos do poder

Edgar Muza
Ilustração Google

 

Faz um bom tempo que venho sendo abordado por alguns leitores, que perguntam minha opinião sobre a Lava Jato. Para eles, a maneira de me expressar não deixa claro se confio ou não nas investigações. Desde que iniciou o processo que visava, antes de mais nada, limpar a política brasileira, mostro minha descrença sobre os resultados práticos das operações. Primeiro, porque os políticos serão julgados pelo Supremo, cujos componentes foram guindados ao cargo, após terem sido sabatinados por eles mesmos (políticos). Assim como nós elegemos nossos representantes através do voto, os políticos com a “procuração” que nós lhes damos sabatinam e autorizam a nomeação dos ministros do Supremo. De certa maneira fica o comprometimento. Principalmente quando acontecem fatos como agora, em que mais de duzentos políticos, estão sendo denunciados por corrupção (roubo). Acresço o fato de que o Supremo não tem apenas em suas mãos as denuncias de corrupção. São montanhas de processos que chegaram antes do atual, que deverão ser julgados. É muito processo. Temos visto as mais diferentes opiniões, inclusive do judiciário, sobre os fatos. O amplo direito de defesa, sem limite de tempo para seu julgamento atrasou o mensalão, que levou oito anos para ser concluído, como forçosamente atrasará a Lava Jato. O próprio regimento interno do Supremo que prevê o direito do ministro pedir vistas a qualquer processo sem prazo para devolvê-lo.  E aí vem, no meu ponto de vista, a possibilidade do ministro agradecer sua nomeação, sentando em cima do processo (engavetá-lo). Agilizando sua análise, pode prejudicar a quem o nomeou. Se os leitores ainda continuam com dúvida sobre minha opinião, ei-la: “não creio que a curto espaço de tempo tenhamos decisões sobre os acontecimentos que levaram o Brasil à beira do abismo”. Se fosse uma empresa privada há muito tempo já teria fechado suas portas. Pois bem, mas então tudo o que até agora foi descoberto e denunciado, pode não dar em nada? Não é isso. Lembram que já declarei muitas vezes que eu estaria satisfeito somente com o banimento dos denunciados da vida pública. Se fossem tornados inelegíveis por oito anos, não correríamos o risco de que eles fossem reeleitos pela população. E faz um bom tempo que venho declarando este meu desejo. É que tenho dúvidas que os “grandes líderes” (de barro é bem verdade), sejam condenados e presos. Até agora só estão na cadeia aqueles políticos menores que embora ladrões, são considerados “descartáveis” pelo comando geral da corrupção. Assim mesmo, preventivamente. Pois bem, volto ao tema motivado por uma entrevista que li ontem (domingo 26), do coordenador da força-tarefa. Deltan Dallagnol, assim se manifestou ao Correio Brasiliense: "Ataques à Lava Jato, aumentarão”. Faz um balanço da operação até aqui: “Nesses três anos foi quebrado um paradigma de impunidade dos círculos do poder. O uso de técnicas modernas de investigação, entre as quais a colaboração premiada, permitiu o diagnóstico de um estado de corrupção gigantesca. O funcionamento das instituições renovou as esperanças, abrindo portas para reforma. O resultado é imprevisível porque tudo depende da continuidade ou não do apoio da população ao combate da impunidade”.


Conclusão minha
Não serão julgados a tempo de serem banidos da próxima eleição para deputado e parte do senado. Se depender de nós, povo, grande parte deles será reeleito. O governo atual tem a máquina na mão. Maioria no Congresso (Câmara e Senado). Os maiores partidos (PMDB, PT, PP, entre outros) e seus lideres formam a base do atual governo e têm maioria no Supremo, se levarmos em consideração que os membro da Corte, foram nomeações aprovadas pelos próprios partidos e seus dirigentes. Então, julgamento definitivo, se acontecer, só daqui a alguns anos. A única coisa boa que está acontecendo e por isso os políticos (e alguns magistrados) querem eliminar, é a imprensa livre. Hoje, nada mais vai para debaixo do tapete. Para encerrar, a opinião do chefe da força-tarefa sobre a declaração externada por Gilmar Mendes à imprensa, “sugerindo que o vazamento de matéria que está em segredo de justiça possa ser eliminada da delação premiada”. Foi fundo: "Com todo o respeito ao ministro, que tem um grande conhecimento jurídico, a proposta não tem nenhum fundamento. A ideia não é razoável porque permitiria que qualquer pessoa mal-intencionada, um réu delatado, jogasse fatos na imprensa e com isso garantisse sua própria impunidade. A sugestão não tem amparo em nosso direito porque os depoimentos não são usados em processos com base em eventuais vazamentos, mas sim com base em sua coleta regular prévia, que é uma fonte independente que garante sua legitimidade. Por fim, anular provas, no atual cenário, seria jogar o jogo da impunidade daqueles mencionados em recentes depoimentos”. Pergunta inocente: Será este o jogo do ministro? Responda se souber?


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