Após longas discussões judiciais, as escolas particulares do Distrito Federal terminam os últimos preparativos para receber os estudantes em modo presencial a partir da próxima segunda-feira (21/9). As 570 instituições privadas estão autorizadas a reabrir as portas, após seis meses em trabalho remoto devido à pandemia do novo coronavírus.
O cronograma de retorno foi aprovado em 24 de agosto. Por meio de audiência de conciliação virtual, entidades representativas das escolas e dos docentes da rede pública definiram a volta às aulas já a partir de 21 de setembro para a educação infantil e o ensino fundamental 1, enquanto o ensino fundamental 2 retorna em 19 de outubro. Já o ensino médio e os cursos profissionalizantes retomarão as classes presenciais em 26 de outubro.
A expectativa do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe-DF), neste primeiro momento, é que cerca de 25% das escolas reabram. Entre os estudantes, 30% devem retornar à rotina presencial.
Como a volta é opcional, os alunos que preferirem manter o modo remoto poderão acompanhar as turmas de casa. Para que o conteúdo seja transmitido ao mesmo tempo, alguns colégios instalaram câmeras de vídeo nas salas de aula (foto em destaque).
O Colégio Santa Dorotéia, localizado na Asa Norte, tem feito estudos e treinamento para o retorno desde abril. Na segunda-feira, 20 professores e 20 monitores voltam ao trabalho.
“Instalamos webcams nas salas para as aulas serem transmitidas. Os monitores vão auxiliar os professores a responder os alunos que estão em casa. Para a segurança sanitária, teremos, no máximo, 11 alunos por sala”, explicou a coordenadora pedagógica da escola, Cândida Guth.
Veja as regras a serem seguidas pela rede privada de ensino do DF:
Segundo Cândida Guth, havia grande expectativa dos pais pela volta das aulas presenciais, pois muitos já retornaram ao trabalho. Dia 21, 60 pais devem deixar os filhos no Santa Dorotéia. Nesta quinta (17/9) e sexta-feira (18/9), toda a equipe foi examinada por médicos do trabalho para verificar as condições para o retorno.
“Todos já estão treinados para fazer a recepção mais lúdica possível e com segurança”, ressaltou a profissional.
Para o presidente do Sinepe, Álvaro Domingues, o cronograma de retorno às aulas, com início em 21 de setembro, “foi uma decisão acertada, pois será possível acolher os filhos daquelas famílias que precisam trabalhar e querem um espaço seguro de aprendizagem”.
Domingues ressalta que a volta é optativa. “Acreditamos que 25% das escolas voltarão, e entre 20% e 30% dos alunos estarão na sala de aula. Quanto ao teste [para detecção da Covid-19 entre os funcionários], será realizado conforme recomendação médica, nos casos em que for necessário. Não é testagem de todos, mas dos que apresentarem sintomas”, disse.
Embora os preparativos das escolas estejam a todo vapor, decisão judicial que regulou a testagem para Covid-19 de funcionários dos estabelecimentos privados do Distrito Federal não agradou pais e professores. O documento prevê testagem somente de profissionais com suspeita de contaminação ou que tiveram contato com pacientes da doença. Não haverá testagem em massa dos profissionais das escolas particulares.
De acordo com o diretor jurídico do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF), Rodrigo de Paula, a entidade esperava que os exames fossem feitos em todos os docentes antes da volta às aulas presenciais.
“No acordo, decidimos que um especialista iria apontar o tipo de testagem mais adequado. No entanto, a decisão nos surpreendeu, não pelo tipo, mas por que não vai haver testagem em todos”, afirmou.
A sentença da 6ª Vara do Trabalho de Brasília foi publicada em 13 de setembro. O protocolo determina que os trabalhadores e estudantes tenham temperaturas aferidas na entrada e saída das aulas. Apenas em caso de suspeita é que o profissional será submetido à testagem para detecção do novo coronavírus.
Os funcionários que estiverem sintomáticos para a Covid-19 deverão ser afastados imediatamente e submetidos à confirmação diagnóstica via RT-PCR. Segundo o diretor jurídico do Sinproep-DF, o sindicato não questiona a decisão quanto ao modelo do exame, mas discorda como ele será realizado.
A Justiça também definiu protocolos a serem adotados pelas instituições de ensino a fim de resguardar alunos e colaboradores dos riscos de contágio pelo novo coronavírus. Vale lembrar que as aulas estão suspensas na modalidade presencial desde 11 de março, por conta da pandemia de Covid-19.
As aulas só poderão retornar se as escolas fornecerem luvas e gorros descartáveis, protetores faciais (face shields), jalecos, aventais e outros aparatos de proteção necessários para os professores, instrutores e demais profissionais que trabalham diretamente com alunos da educação infantil.
Devem, ainda, ser exigidos equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários aos trabalhadores (empregados diretos ou terceirizados), obrigatórios para cada tipo de atividade, principalmente para limpeza, retirada e troca do lixo, manuseio e manipulação de alimentos ou de livros e aferição de temperatura.