A 8ª Vara Criminal de Brasília ainda não conseguiu contato com Pedro Henrique Martins Mendes, acusado pelo delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Ricardo Viana de chamá-lo de “macaco“, em agosto deste ano. Segundo as últimas movimentações do processo, três números diferentes já foram tentados, mas a Justiça ainda não obteve retorno do homem.
No momento, Mendes responde as acusações em liberdade. No mesmo final de semana em que foi preso após insultar o delegado da PCDF, ele pagou fiança de R$ 3.117 e ficou acordado que deveria comparecer a todos os atos do processo, não se ausentar do DF por mais de 30 dias – a não ser que seja autorizado – e não mudar de endereço sem comunicação prévia às autoridades.
Ele também está proibido de sair de casa entre as 20h e as 6h em dias úteis. Aos sábados, domingos e feriados, deve cumprir recolhimento domiciliar em regime integral. A princípio, o homem usará tornozeleira eletrônica pelo período de 90 dias.
No processo, Pedro Henrique Martins Mendes aparece como representado pela Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF), apesar de ser representado pelo advogado Danilo Bomfim. Procurado, o defensor explicou que ainda não deu entrada no processo. “Ainda vamos nos habilitar no processo e ver essa questão”, diz. Uma audiência preliminar sobre o caso está marcada para o próximo dia 30.
A ofensa ao delegado da PCDF aconteceu na noite de 7 de agosto, no Mc Donald’s da QI 23 do Lago Sul. Ricardo Viana estava com a filha de 15 anos dentro da lanchonete quando Pedro Henrique passou a insultá-lo gratuitamente, segundo o policial.
O delegado contou ter dado voz de prisão ao agressor, que teria tentado fugir. Foi preso pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que deu apoio à ação. “Falou que iria me pegar, me chamou de macaco e viado. Arremessou um pé de sua chinela em minha direção”, narrou o delegado.
No carro do homem, foram encontradas porções de maconha. Mendes foi detido em flagrante e a ocorrência, registrada na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul).
“Até o momento, não entendi por que tanto ódio em uma só pessoa, o pior é saber que este tem histórico de violência e já praticou fatos semelhantes com outros negros”, disse Viana, no dia das agressões.
Em vídeo (assista abaixo) divulgado no dia seguinte ao ataque, o policial afirmou estar muito consternado e que não poderia se calar no momento.
“Eu declaro a vocês que nós vivemos um racimo estrutural. O racismo está entranhado em todas as classes sociais e, eu, convivo com isso desde que eu sou menino. Todas as vezes que a gente vai galgando algum espaço na nossa sociedade, essa ferida é tocada”, destacou.
Após a repercussão do caso, Pedro Henrique Martins Mendes divulgou uma nota, por meio de sua defesa, na qual pede desculpas ao delegado da PCDF. Ele foi preso em flagrante, mas solto após pagar fiança.
No texto endereçado “ao senhor Ricardo, à sua filha, aos familiares e a todos os seres humanos”, o homem pede perdão. “O injustificável ato não é reflexo da educação, do amor e do respeito que recebi e que carrego como preceitos básicos”, disse. “Solidarizo-me com a dor causada a todos e, mais uma vez, peço desculpas!”, completou, em outro trecho.
O texto, encaminhado pelo advogado Danilo Bomfim, termina assinado não apenas por Pedro Henrique, mas também pela família dele.