10/10/2020 às 08h37min - Atualizada em 10/10/2020 às 08h37min

​O meu adeus ao amigo e Jornalista Ricardo Noronha.

“Quando mais um amigo de infância morre e você percebe que o mundo e as lembranças são cruéis”

Vital Furtado
Correio de Santa Maria
Foto: Vital Furtado- Um dos últimos encontros com Noronha fiz essa foto como uma brincadeira dele ao lado do Enos.
Noronha padecia de um câncer.  Faleceu em sua residência, às 19:45, na QNE 30 quando praticava exercício físico.

*Vital Furtado 

A infância é uma parte da vida que guardamos como inesquecíveis lembranças. Tive o privilégio de viver no final dos anos 60/70 a época da infância raiz lá no ITAMARACÁ, um local cheio de brincadeira como o jogo de BETI, A BANDEIRINHA e o BATE BOLA formado por VITAL, EDINALDO, UBIRACI, GODÓI (filho do cabeludinho), MAURICINHO, NORONHA, PAULO SILLAS, DIDI (filho do seu Paulista), BUGA (também filho do seu Paulista) e outros que não recordo os nomes, no único campinho da quadra, por sinal, na frente da casa de Noronha, o nosso amigo JOTA como era chamado carinhosamente.  
Conheci Ricardo Noronha, Melhor dizendo, o JOTA, no ano de 1967. Se não me falha a memória, a quadra em que morávamos lá no Itamaracá, era a quadra 5 ou 7.
Na rua atrás do armazém Paulista de propriedade dona Dolores e da Padaria de Dona Joanita, morava o JOTA com mais dois ou três irmãos e uma irmã. Desde essa época JOTA já trabalhava para ajudar sua mãe, um exemplo de mulher que trabalhava incansavelmente para criar os filhos. JOTA ajudava no sustento da família vendendo pão.
Nossa infância toda foi vivida ali no ITAMARACÁ. Frente a casa desse amigo (JOTA) havia um campinho de terra batida onde aguardávamos ansiosamente o Noronha terminar seus afazeres para formarmos dois times, com dois ou três de cada lado e cairmos na bola, apesar do JOTA não ter talento para a redonda. Por falar em talento, o que faltou na bola lhe sobrou nas outras atividades que exerceu.
Em 1971 fui morar na SQN 312, Bloco “C” Apto 209 (Fundos com a W 3 Norte), onde passei até o final de 1973.
Em 1974 voltei a me reencontrar novamente com Noronha. Pois, fui trabalhar na TV BRASÍLIA CANAL 6 e o Noronha trabalhava na Rádio Independência como auxiliar de escritório, porém, já atuava em shows particulares como animador, arte que ele já nasceu com ela. Inclusive, nossa primeira atuação juntos foi no clube O PROMESO (Gama), numa festividade promovida em 1975,  pela OEG- Organização Esportiva do Gama, na gestão do Dionísio.
Já nessa época, o JOTA me dizia o seguinte: César (como os amigos de infância e os mais conhecidos me chamam), eu não quero ser apresentador desses showzinhos. Pelo contrário; quero ser reconhecido nacionalmente como um grande radialista e apresentador.
O Certo é que sua grande porta se abriu em 1975, época em que, com grande esforço ele conseguiu se inscrever para um curso de locução e apresentação em São Paulo, cujo professor, nada mais era do que o grande ator (saudoso) ZIEMBINSKY, o velho Max da novela CAVALO DE AÇO.
Foram 3 meses de curso. Tão logo chegou a Brasília, fui um dos primeiros amigos que ele procurou, até porque fui grande incentivador para que ele abraçasse essa profissão.
Grande salto:
Em 1976, Maurício Leite proprietário da Rádio Independência de Brasília e deputado Federal pela Arena-PB, deu a grande oportunidade da vida de Noronha, mandando que o promovessem de auxiliar de Escritório para o cargo de Locutor Apresentador, até porque, talento ele tinha de sobra.
Depois, nos encontramos na Rádio nacional de Brasília, eu como Jornalista e ele Locutor e também Jornalista.
Mais tarde, novo encontro no Governo do Distrito Federal, eu como Jornalista da equipe que cobria a agenda de Joaquim Roriz e o Noronha como político, outra carreira que ele exerceu com grande habilidade.
Mas, minha admiração por sua pessoa não se deu pelo cargo e funções que ele exercia, mas, sim, pelo carinho e cuidado que ele tinha com a sua genitora, que lhe ensinou a ter uma vida de honra. Pois, tão logo ele passou a ser pessoa notória no meio da comunicação, a primeira coisa que ele me disse que iria fazer seria dar uma casa digna para a sua mãe morar, e cumpriu a promessa. Esse feito colocou o JOTA dentro do meu coração como um filho que verdadeiramente soube honrar sua mãezinha.
É interessante ter essas recordações porque aqui cabe aquela frase: “Um dia você encontrou um amigo pela última vez e nem se deu conta disso!”
De minha parte, neste adeus ao amigo desejo vá em paz para o repouso nos braços do Pai Abrahão.
À família fica aqui os meus sentimentos, pois nada que qualquer pessoa possa dizer amenizará a dor nesse momento.
*Vital Furtado é Jornalista e Radialista.
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