01/11/2020 às 07h31min - Atualizada em 01/11/2020 às 07h31min

Líder quilombola tem casa alvejada no Pará: "Ela enfrenta a mineração", explica filho

Liderança mostra as marcas de tiros na sua casa.

Ataque ocorreu na noite de quinta (29), em Barcarena (PA); Sandra Amorim é militante do MAM e candidata a vereadora

 

A casa de Sandra Amorim, liderança quilombola do Sítio São João, localizado em Barcarena (PA), foi alvo de três disparos de arma de fogo na noite da última quinta-feira (29)

 

A quilombola, que também é militante do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), não estava em casa no momento do ataque e foi informada do ocorrido pelos vizinhos.

 

Sandra registrou um boletim de ocorrência na delegacia de polícia do distrito Vila dos Cabanos no mesmo dia do ocorrido. A casa continua com marcas de bala nas paredes e também nos cartazes políticos que estavam nas paredes. Ela é candidata ao cargo de vereadora pelo município de Barcarena.

 

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Samuel Amorim, filho de Sandra, e também militante do MAM conta que ele e a mãe foram surpreendidos com a situação.


“A gente estava em Barcarena em uma reunião partidária, aí o vizinho ligou perguntando se a gente estava em casa e eu falei que não. Foi quando perguntamos o porquê e ele disse 'deram tiro na tua casa'. Quando chegamos em casa junto com os policiais, a gente viu que deram uns tiros na parede, uns tiros nos 'candidatos' dela", relatou ao Brasil de Fato.

 

"Ela vai contra a mineração, contra até mesmo contra esses grandes empresários, contra o grande capital. Quando ela levanta a voz em algum lugar para falar, a gente está mexendo com os grandes", completou Samuel.

 

 


Sandra Amorim, na foto, com a camisa do MAM. / Sandra Amorim/Arquivo Pessoal

 


O MAM publicou, nesta sexta-feira (30), uma nota de repúdio ao ataque dizendo que a luta dos povos tradicionais em Barcarena é contra a hegemonia do poder econômico opressor e escravocrata e que os militantes, ao enfrentar as desigualdades e injustiças sociais na região, são perseguidos e ameaçados diariamente por representantes do "grande capital".


“Sabemos que este não é um fato isolado, e sim associado a um processo de avanço do conservadorismo e acirramento dos conflitos em territórios minerados no Brasil e em toda a América Latina. Diante da ameaça e do atentado sofrido pela companheira, o MAM repudia qualquer tentativa de silenciamento do povo que se levanta contra a ordem do capital mineral e seus defensores”, diz a nota.


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