03/11/2020 às 06h35min - Atualizada em 03/11/2020 às 06h35min

Eleições municipais: nem Jair Bolsonaro nem Lula

Polarização que marcou as últimas disputas não se repete até agora nas capitais e nas maiores cidades

Se as eleições municipais são a antessala, a próxima eleição para as presidências da Câmara e do Senado no ano que vem deverão ser o corredor da próxima eleição presidencial em 2022. E, se o cenário não se alterar, o caminho que se avizinha não parece apontar para a repetição da polarização Bolsonaro/PT que marcou as eleições de 2018.

As mais recentes pesquisas de intenção de voto nas capitais do país mostram os eleitores bem longe da disputa que marcou a eleição de Jair Bolsonaro na última eleição municipal. Hoje, os dois partidos que lideram, cada um com cinco capitais, são o DEM e o PSDB, que deverão estar unidos em 2022 numa aliança em torno da candidatura do governador de São Paulo, João Doria.
 

Tríade

Se DEM e PSDB saem fortalecidos das eleições municipais, é assim que os dois passarão para o corredor da disputa pelas presidências do Congresso no ano que vem. E se o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), hoje trabalha forte para se reeleger, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), se não for pelo mesmo caminho, articula a eleição como seu candidato do líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi. “Se o DEM sai forte da eleição municipal, o PSDB também e se fica consolidada a vitória de Baleia Rossi para o comando da Câmara, está aí formada a tríade que pode sobressair em 2022”, avalia o cientista político André Cesar.

A partir do desempenho municipal e dessa articulação na Câmara, André Cesar avalia que os três partidos poderão estar unidos em torno de Doria em 2022, fortalecendo um quadro que pode gerar imensas dificuldades para as pretensões de reeleição de Bolsonaro. “Pelo cenário de hoje, quem não está bem no jogo é o governo”, conclui ele.

E, da mesma forma, o PT, o outro partido que polarizou o jogo em 2018. “Acendeu-se forte o sinal de como o PT padece da lulodependência. O partido não formou ao longo do tempo novas lideranças além do seu líder máximo Luiz Inácio Lula da Silva. E pode pagar um preço eleitoral bem caro”, avalia o cientista político. Hoje, o PT só parece ter chances de ganhar em Vitória, capital do Espírito Santo, com João Coser. Mesmo assim, ele ali está empatado com Fabrício Gandini, do Cidadania, ambos com 22%, de acordo com pesquisa do Ibope divulgada no dia 13 de outubro.

Longe da polarização, o quadro apontado pelas pesquisas nas capitais mostra uma pulverização da preferência partidária do eleitor, que se repete quando a avaliação se amplia para as 95 maiores cidades do país, observa André Cesar. “É uma fragmentação que repete a fragmentação do sistema partidário do país”, comenta o analista. Ao mesmo tempo, porém, os resultados apontam para uma desistência na preferência pela chamada nova política. O movimento que começou em 2013 e teve seu ápice em 2018 não se repete agora. Partidos e candidatos do campo tradicional da política retornaram com força. “É possível que o discurso da nova política tenha rapidamente se esgotado”, conclui André Cesar.

Veja abaixo o quadro nas 26 capitais do país:
 

Porto Alegre – Ibope (29/10)
Manuela D´Ávila (PCdoB) – 27%
Nelson Marchezan (PSDB) – 14%
Sebastião Melo (MDB) – 14%

Florianópolis – Ibope (5/10)
Gean Loureiro (DEM) – 44%
Ângela Amim (Progressistas) – 15%

Curitiba – Ibope (22/10)
Rafael Greca (DEM) – 46%
Fernando Francischini (PSL) – 8%
Goura (PDT) – 8%

São Paulo – Ibope (30/10)
Bruno Covas (PSDB) – 26%
Celso Russomanno (Republicanos) – 20%
 

Rio de Janeiro – Ibope (30/10)
Eduardo Paes (DEM) – 32%
Marcelo Crivella (Republicanos) – 14%
Delegada Marta Rocha (PDT) – 14%

Belo Horizonte – Ibope (29/10)
Elias Kalil (PSD) – 63%
João Vitor Xavier
(Cidadania) – 8%

Vitória – Ibope (13/10)
Gandini
(Cidadania) – 22%
João Coser (PT) – 22%

Salvador – Ibope (30/10)
Bruno Reis (DEM) – 61%
Major Denice (PT) – 13%
 

Aracaju – Ibope (22/10)
Edvaldo (PDT) – 34%
Delegada Danielle
(Cidadania) – 19%

Maceió – Ibope (23/10)
Alfredo Gaspar de
Mendonça (MDB) – 24%
JHC (PSB) – 24%

Recife – Ibope (29/10)
João Campos (PSB) – 31%
Marília Arraes (PT) – 18%

João Pessoa – Ibope (22/10)
Cícero Lucena
(Progressistas) – 21%
Nilvan Ferreira (MDB) – 15%

Natal – Ibope (26/10)
Álvaro Dias (PSDB) – 44%
Kelps (Solidariedade) – 7%
Delegado Leocádio (PSL) – 7%

Fortaleza – Datafolha/O Povo (28/10)
Capitão Wagner (Pros) – 31%
José Sarto (PDT) – 22%

Teresina – Ibope (30/10)
Dr. Pessoa (MDB) – 37%
Kleber Montezuma
(PSDB) – 22%

São Luís – Ibope (23/10)
Eduardo Braide
(Podemos) – 44%
Duarte Júnior
(Republicanos) – 19%

Palmas – Ibope (22/10)
Cinthia Ribeiro (PSDB) – 36%
Professor Junior Geo (Pros) – 12%

Belém – Ibope (24/10)
Edmilson Rodrigues (PSOL) – 38%
José Priante (MDB) – 15%

Macapá – Ibope (28/10)
Josiel (DEM) – 31%
Capi (PSB) – 15%

Manaus – Ibope (28/10)
Amazonino Mendes
(Podemos) – 24%
David Almeida (Avante) – 16%

Boa Vista – Ibope (29/10)
Otacci (Solidariedade) – 27%
Arthur Henrique (MDB) – 25%

Rio Branco – Ibope (29/10)
Minoru Kinpara (PSDB) – 28%
Socorro Neri (PSB) – 23%

Porto Velho – Ibope (28/10)
Hildon Chaves (PSDB) – 30%
Vinícius Miguel (Cidadania) – 16%

Cuiabá – Ibope (30/10)
Abílio Junior (Podemos) – 26%
Emanuel Pinheiro (MDB) – 25%

Goiânia – Real Time Big Data/Record TV (26/10)
Vanderlan Cardoso (PSD) – 29%
Maguito Vilela (MDB) – 20%

Campo Grande – Ibope (30/10)
Marquinhos Trad (PSD) – 46%
Promotor Harmouche (Avante) – 11%


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