Situada na Feira da Torre de TV, considerada um dos cartões-postais do Distrito Federal, uma empresa supostamente especializada na venda de móveis coloniais deixou uma série de vítimas sem os produtos comprados e um prejuízo estimado em cerca de R$ 100 mil. Pelo menos 20 pessoas procuraram a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para denunciar os responsáveis pela loja Modernita Móveis Sob Medida. Dois empresários são acusados pelos clientes de terem recebido o dinheiro sem nunca entregarem as mobílias.
A loja funciona no Box 37 e costumava ganhar a confiança de clientes prometendo produção, reforma e entrega dos mais variados móveis, sempre com uma suposta excelência. Os sócios Adolfo Ubaldino Neto e Guilherme Silva faziam propaganda, garantindo preço justo e alta qualidade, além de facilitar o pagamento pelos móveis. Entre março e outubro deste ano, no entanto, pelo menos 25 famílias dizem ter sido lesadas após fecharem negócio com os empresários.
Em imagens obtidas pelo Metrópoles, uma das vítimas mostra um jogo de mesa de jantar e cadeiras, em péssimo estado, recebidos por ela. Os móveis foram entregues para abater o pagamento feito durante a compra de mobiliários novos, nunca produzidos. Cheia de imperfeições, com pontas quebradas e película descolando, a mesa é mostrada pela cliente.
“Entregaram-me por um valor de R$ 700, mas eu anunciei por R$ 50, e ninguém quer”, contou. O mesmo ocorreu com três cadeiras, todas desgastadas e em péssimas condições.
Um casal que negociou tanto a compra de novos móveis quanto a reforma de antigos mobiliários amargou um dos maiores prejuízos entre as 20 vítimas identificadas até o momento: cerca de R$ 15 mil.
“Eles nos venderam os móveis em 11 de julho deste ano. Foram até a nossa residência buscar os mobiliários antigos para fazerem uma reforma, receberam todo o valor combinado em dinheiro, exatos 2,5 mil euros em espécie, e ficaram enrolando para entregar os móveis adquiridos por meses”, contou uma das vítimas.
O casal descobriu que, em outubro, os empresários fecharam o box na Feira da Torre e sumiram, deixando diversas vítimas para trás. “No fim das contas, não recebemos os móveis pelos quais pagamos à vista e em dinheiro e não devolveram os nossos móveis que eles levaram para reformar. Um prejuízo enorme”, desabafou o cliente enganado.
Outra vítima suspeita que o box passou a ser aberto e fechado pelos empresários apenas para aplicar os golpes. Passados para trás, os próprios compradores começaram a levantar informações sobre a vida pregressa da empresa. “Descobrimos que o permissionário do Box 37 cedeu a loja para terceiros, que Adolfo e Guilherme estavam trabalhando no local sem CNPJ, de forma irregular, uma vez que estavam vendendo sem emitir nota fiscal. E, agora, todos os três sumiram, deixando todos nós lesados”, reclamou a vítima.
Apesar de desaparecerem da Feira da Torre e de terem fechado o box usado para aplicar os golpes, os empresários gostavam de ostentar o dinheiro obtido com as falcatruas. Guilherme Silva publicou uma foto em suas redes sociais segurando um “leque” de dinheiro com a seguinte legenda: “Enquanto eles fazem fofoca, nós tá fazendo dinheiro (sic)”.
A reportagem tentou entrar em contato com os dois empresários por meio dos telefones que aparecem nos cartões de visita distribuídos pela dupla para os clientes. No entanto, ambos os números estavam fora de área.