“Sou pré-candidato, meu nome é sempre cotado. Enquanto estiverem cotando, sou pré-candidato. Sei que a minha chance é pequena. Hoje, eu teria sete votos. Mas quem tem sete, tem capacidade de ampliar para 13. Eleição é sempre uma surpresa”, afirmou Reginaldo Veras. Apesar da fala, o distrital não descarta ser candidato a vice, caso surja um nome com mais chances de vencer a eleição interna.
No entanto, para isso, Reginaldo Veras teria de contar com a anuência de todos os colegas da oposição. Juntos, eles têm poder de negociação, principalmente, se houver um racha entre os governistas. “Cogito ser de algum candidato com mais viabilidade. Aceito ser presidente ou vice-presidente. São os únicos cargos da mesa diretora que me interessam”, completou o parlamentar.
Entre os deputados, Rafael Prudente é considerado favorito. Embora não admita que será candidato, o distrital tem conversado até com parlamentares de partidos de oposição, como o PT. O atual presidente da Casa também tem força junto ao Palácio do Buriti, habilidade de negociação e é considerado leal aos acordos. O deputado integra o mesmo partido do governador Ibaneis Rocha, e a candidatura dele ganhou força após as polêmicas relacionadas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.
Rafael Prudente devolveu o requerimento que pedia a instalação da CPI e, com isso, a possibilidade de recondução ao cargo se potencializou, para o Executivo local. Pessoas próximas ao parlamentar avaliam que ele conseguiu de vez o apoio de Ibaneis para a disputa. Nos últimos dias, o parlamentar tem acompanhado o governador em agendas. Além de estar presente à cerimônia de sanção do Programa de Incentivo à Regularização Fiscal do DF (Refis-DF 2020), o atual presidente da Câmara Legislativa tem aparecido em eventos mais populares — como na entrega de casas em Samambaia e para a assinatura do decreto de regularização de lotes no Riacho Fundo 2.
Agora, Prudente passará um tempo em quarentena, para se recuperar da covid-19. Se tudo correr bem, em breve, ele estará de volta ao corpo a corpo eleitoral. Caso oficialize a candidatura e vença as eleições, o parlamentar será o primeiro presidente reeleito da Casa. A possibilidade de recondução ao cargo recebeu sinal verde no ano passado, depois de os deputados aprovarem uma emenda à Lei Orgânica do Distrito Federal (LODF).
Além dele, parlamentares avaliam que o atual vice-presidente da Casa, Rodrigo Delmasso (Republicanos), teria chance de receber apoio do governo local. Em 2019, ele cogitou tentar o cargo, mas abriu mão e apoiou o emedebista. Neste ano, em vez de forçar uma negociação, ele trabalha pela própria reeleição como vice. Para isso, conta com o suporte da bancada evangélica, integrada por seis distritais.
Grupos
Dos seis blocos da Câmara Legislativa, dois destacam-se em relação ao alinhamento com o Governo do Distrito Federal: o DF Acima de Tudo e o Força do Trabalho. Juntos, eles somam 10 parlamentares. Um deles, Agaciel Maia (PL) tem pretensões de assumir o posto mais alto da Casa, mas só deve se candidatar se tiver apoio do Buriti e a quantidade necessária de votos para se eleger. Caso esses dois grupos se mantenham alinhados, o candidato que tiver a aprovação de ambos pode largar com apenas três votos a menos que o necessário para a vitória.
O fiel da balança deve ser o bloco Brasília em Evolução, formado por cinco componentes. Embora assuma uma tendência governista, o grupo pode ter candidato próprio: Eduardo Pedrosa (PTC), que busca o apoio dos colegas do chamado Centrão para fazer frente a candidatura de Rafael Prudente. Antes disso, porém, vai precisar do respaldo dos colegas de bloco, uma vez que o Brasília em Evolução tem distritais bem próximos do atual presidente, como Roosevelt Vilela (PSB) e Reginaldo Sardinha (Avante).
Independência
Especialistas que acompanham a Câmara Legislativa afirmam que o apoio do governo será fator de peso nas eleições para a Mesa Diretora. Como o Buriti tem tido facilidade em aprovar projetos na Casa, a tendência é de que também consiga votos para o candidato mais próximo do governo. “Para entender quais são as tendências, podemos ver o caso da CPI da Pandemia. O governador conseguiu se articular politicamente para barrá-la. É possível perceber que o Legislativo local tem independência, mas o governo pode conseguir maioria. A minoria é relativamente pequena”, pondera Pedro Pitanga, pós-graduando em relações institucionais e governamentais.
Além de Prudente, parlamentares consideram que colegas como Agaciel Maia (PL) e Cláudio Abrantes (PDT) também teriam chances de receber o apoio do governo. Ana Paula Duarte, analista política, avalia que o cenário pode favorecer o Executivo local. “Neste momento, o governo está em lua de mel com a Câmara Legislativa. Tivemos um Refis que foi aprovado por unanimidade. Depois da pandemia, o governo trabalhou bastante para reorganizar a base. Agora, ela está organizada e fiel a ele. Se não acontecer nenhum fato novo até lá, o GDF tem condições de viabilizar o candidato dele”, pontua Ana Paula.