As duas mulheres acusadas de matar Rhuan Maycon da Silva Castro em maio do ano passado foram condenadas a 129 anos de prisão, somando as penas. Rosana Auri da Silva Cândido, mãe da vítima, e Kacyla Priscyla Santiago foram julgadas nesta quarta-feira (25/11), no Fórum de Samambaia.
A mãe foi condenada a 65 anos de reclusão e 8 meses e 10 dias de detenção. Já Kacyla recebeu a pena de 64 anos de reclusão, além de 8 meses e 10 dias de detenção. Ambas em regime fechado.
Rhuan tinha 9 anos quando foi esquartejado, degolado e carbonizado pela dupla, em 31 de maio do ano passado.
Motivo torpe, o meio cruel e o impossibilidade de defesa da vítima foram os agravantes das penas. O primeiro se refere sentimento de ódio que Rosana nutria em relação à família paterna da criança: ela dizia que queria matar o garoto para acabar com as lembranças do pai. Em relação ao segundo, Rhuan recebeu, ao menos, 11 facadas e foi degolada ainda vivo. Por último, ele foi atacado enquanto dormia.
De acordo com o Ministério Público, Kacyla permaneceu em silêncio durante o julgamento e assumiu a autoria do crime, negando participação da companheira. No entanto, ambas já haviam confessado o assassinato e cumpriam prisão preventiva na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, a Colmeia.
A dupla esquartejou Rhuan, perfurou seus olhos e dissecou a pele do rosto. Elas também tentaram incinerar partes do corpo em uma churrasqueira, com o intuito de destruir o cadáver e dificultar o seu reconhecimento. A fumaça produzido pelo cadáver carbonizado fizeram com que vizinhos do casal chamassem a polícia.
O corpo do menino foi enterrado em Rio Branco, no Acre, em 5 de junho de 2019, sob um clima de comoção e pedidos de justiça.
O assassinato de Rhuan ocorreu entre as 21h e as 22h do dia 31 de maio. Conforme a polícia, Rosana deu a primeira facada contra o tórax do filho enquanto ele dormia. Kacyla teria segurado a vítima e sua companheira desferiu pelo menos mais dois golpes.
Em questão de minutos, a mãe decapitou a criança, e ambas iniciaram o esquartejamento do corpo. Parte da pele do rosto foi retirada e colocada na churrasqueira, acesa pela namorada momentos antes do assassinato. O cheiro forte e o endurecimento da carne teriam demovido as duas do plano de se livrar das provas daquela maneira, e elas se voltaram ao descarte do cadáver mutilado com uso de duas mochilas escolares e uma mala.
A casa em que tudo aconteceu é grudada à residência principal do lote, mas ninguém teria ouvido qualquer barulho durante toda a barbárie. Isso porque um churrasco com música e bebidas acontecia ao lado, e os sons encobriram qualquer ruído do homicídio. A fumaça das carnes sendo grelhadas na residência vizinha também apagaram os odores da tentativa frustrada de queimar a pele de Rhuan.
Por volta das 23h, G., sobrinho da vizinha que mora em frente à cena do crime, saía da casa da tia para uma festa em uma quadra próxima e avistou Rosana deixando o lote. De acordo com ele, a mulher caminhava com uma mala grande nas mãos.
Instantes depois, a mãe do garoto passou por uns meninos jogando queimada na rua, que a acertaram sem querer, pediram desculpas e perguntaram o que a mulher carregava. “Roupas velhas”, respondeu, então seguiu seu caminho até a QR 425, em local próximo a uma creche.
Segundo uma testemunha contou à reportagem, alguns rapazes viram Rosana, com a mala em mãos, observando uma boca de lobo aberta na beira da pista. Eles também teriam perguntado o que havia na bolsa, e a resposta teria sido a mesma. Ela, então, teria jogado a mala no buraco e partido. Os jovens, que observavam de longe a movimentação da mulher, foram ao local assim que ela sumiu de vista. Um deles desceu na abertura, de olho em algum bem valioso talvez deixado pela mulher.
Na descrição de um dos rapazes que afirmam ter visto a cena, quando o amigo abriu a mala, a cabeça de Rhuan, com uma faca cravejada, rolou para fora – e o jovem saltou em desespero, gritando. Em estado de choque, eles acionaram a polícia.