A quase 10 dias da eleição para o novo comando da Câmara Legislativa (CLDF), uma frente formada por deputados distritais trabalha para reconduzir o atual presidente, Rafael Prudente (MDB), para a principal cadeira da Casa. A escolha para um novo mandato na direção do Parlamento distrital precisa ser realizada no próximo dia 15 de dezembro.
Para dirigir a Câmara Legislativa, o postulante necessita de uma maioria mínima de parlamentares, o que representa 13 votos. O número representa a metade do total de distritais eleitos (24) acrescido de um. Pelos cálculos de simpatizantes da reeleição, até agora, pelo menos 14 sinalizaram a intenção de manter o atual titular na principal cadeira do Legislativo local.
Até então, o Regimento Interno da CLDF não previa a recondução de um presidente, a não ser que ela não ocorresse na mesma legislatura, ou seja, durante o mesmo mandato parlamentar. Contudo, em novembro do ano passado, por 18 votos a 5, os distritais aprovaram a mudança e a reeleição para a Mesa Diretora passou e a renovação do mandato passou a ser possível.
Caso o placar seja confirmado, o grupo de deputados apoiadores de Rafael Prudente liquidaria a chance real de algum oponente de disputar a principal cadeira da Câmara Legislativa. Nos bastidores, outros dois nomes orbitam num eventual cenário de disputa pela presidência da Câmara Legislativa: Eduardo Pedrosa (PTC), integrante do chamado Centrão, e Reginaldo Veras (PDT), mais alinhado com a oposição.
Integrante da chamada oposição programática, o deputado Leandro Grass (Rede) minimiza a contabilidade realizada pelos apoiadores do atual presidente da Casa. “Pelos nossos cálculos, não há esse placar. O cidadão quer um Legislativo independente, pautado pelos anseios da cidade”, disse.
Na mesma avaliação, um parlamentar do Centrão e que preferiu não ter o nome divulgado reconheceu a força do nome de Rafael Prudente, mas lembrou que ainda é muito cedo para comemorar uma possível vitória. “Essas coisas na Câmara são muito dinâmicas. Um dia é, outro deixa de ser. Pode acontecer muita coisa até o dia do voto”, disse.
Embora com placar ainda apertado, o cenário favorável para a reeleição do atual comando da Casa também afastaria a possibilidade de intervenção direta do governador Ibaneis Rocha (MDB) no processo interno. Tradicionalmente, o chefe do Executivo participa, embora de maneira discreta, na escolha de um candidato mais afinado com os interesses do Palácio do Buriti.
Com o número suficiente de aliados declarados ao correligionário, o titular do Palácio do Buriti pode assumir a neutralidade esperada pelos deputados, já que uma das maiores críticas é a constante interferência do Executivo nas decisões internas do Parlamento.
“Até agora, não percebemos a atuação do governador e de ninguém da sua equipe. Pode ser, claro, pela chance real do Rafael, mas acredito que essa participação deva ocorrer um pouco mais para frente, quando o cenário começar a se desenhar melhor”, avaliou outro distrital.
A cautela de alguns parlamentares em não declararem publicamente o posicionamento tem um motivo. No caso do cenário ser confirmado e os 14 distritais darem o voto pela reeleição de Prudente, os derrotados podem ficar sem espaços de destaque dentro da Câmara Legislativa, como presidência de comissões, por exemplo, na segunda metade final do mandato, justamente na época dos preparativos para as eleições de 2022, quando precisam convencer o eleitorado e pedir um novo mandato.
Por isso, até o dia 15, haverá muita negociação interna para a manutenção de Rafael Prudente ou mesmo o surgimento de um nome o qual agregue diferentes alas ideológicas e consiga superar o número de aliados do atual candidato governista.