A ação dá prioridade para imunizar profissionais da saúde, das forças de segurança e de salvamento, além de professores, idosos e indivíduos com comorbidades. Pessoas com 60 anos ou mais são institucionalizadas — em locais como abrigos — estão inclusas na primeira etapa. Pesquisas indicam que entre 60% e 70% da população precisar ser imunizada para interromper o ciclo do vírus, dependendo da efetividade da vacina. A escolha dos grupos prioritários levou em conta os que são mais suscetíveis às complicações da covid-19, a fim de reduzir a mortalidade. O planejamento do DF tem interligações com a estratégia deenvolvida pelo Governo Federal, lançado na última quarta-feira, e atende à lei aprovada pela Câmara Legislativa e sancionada por Ibaneis Rocha (MDB) na última segunda-feira, que exigia a divulgação de um plano em 30 dias.
A compra e a distribuição dos imunizantes serão realizadas pelo Executivo nacional. Na avaliação do secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, essa é a alternativa mais adequada no momento. “O Ministério da Saúde é o órgão responsável pela questão da vacinação no país. Cabe ao DF e aos demais estados elaborar planos para viabilizar a organização. Quanto às aquisições das vacinas, o governo federal consegue preços muito melhores, porque o volume de compra é maior. Assim, é mais viável e garante uma coordenação de todas as vacinas ao país. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem essa particularidade de fornecer atendimento igualitário para todo cidadão brasileiro”, afirmou. O Plano Distrital mostra a possibilidade do uso de 11 vacinas em fases de testes avançados, como a CoronaVac e os imunizantes da Johnson & Johnson e de Oxford — as duas primeiras fazem ensaios clínicos com voluntários da capital.
Uma dificuldade a ser enfrentada, no DF, é o armazenamento dos produtos com condições específicas de conservação. A vacina da Pfizer é uma das que estão em processo final para solicitação de registro, mas exige uma câmera de conservação específica, como explicou a chefe do Núcleo de Redes de Frio, Tereza Luíza Pereira. “Nosso grande desafio é a vacina da Pfizer, cujo armazenamento é de -70ºC e só pode ficar de 2ºC a 8ºC por cinco dias. Estamos conversando com o Ministério da Saúde sobre como vamos adequar nossa rede de frios para receber esse produto, uma vez que o próprio Ministério não possui, dentro do seu armazém, um equipamento capaz de armazenar essa vacina”, pontuou. Devido à logistica mais complicada, o uso do imunizante da Pfizer pode ser priorizado em capitais, evitando a necessidade de mais tempo de transporte.
O planejamento apresentado pela Secretaria de Saúde mostra que há uma rede de frio instalada, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), e outras oito, distribuídas em cada área da região de saúde. “Juntas, possuem 40 câmaras frias de 420 litros para o armazenamento de cerca de 400 mil doses de imunobiológicos/mês, podendo chegar a 600 mil doses/mês nos meses de campanha”, detalhou a pasta, que afirmou haver 7,8 milhões de agulhas e seringas em estoque. O plano conta com 169 salas de vacina, 150 carros e 1,5 mil servidores. Nos bastidores, comenta-se sobre uma necessidade de ampliação do número de profissionais envolvidos na estratégia, uma vez que será preciso montar esquemas de segurança, por exemplo, para manter a ordem durante a aplicação das vacinas nos grupos prioritários e proteger os locais de armazenamento dos produtos. Podem ser realizadas parcerias com instituições públicas e privadas para aumentar a capacidade de ação.
Outra preocupação da Secretaria de Saúde diz respeito à conscientização da população quanto à importância de vacinar, assunto que volta à pauta nacional diante da divulgação de informações falsas. Osnei Okumoto chegou a afirmar que trabalhar a questão das fake news faz parte do processo de vacinação, citando estratégias de campanhas de conscientização mais incisivas e duras. Fernando Erick, coordenador de Atenção Primária à Saúde, frisou esse trabalho. “Nossa posição é técnica, científica. A questão primária à saúde tem como braço forte o calendário vacinal, não só em relação à covid. Precisamos manter nossa rotina de vacinação, entendendo de forma mútua que não estamos em um momento fácil para ninguém”, ressaltou. Para o subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero Martins, a experiência dos profissionais da pasta mostra que, quando se iniciam as imunizações, há uma procura muito grande. “A vacina garante proteção individual e visão de consciência coletiva. Então, acreditamos que toda a população do DF queira se vacinar. É nisso que estamos apostando”, disse.
A Universidade de Brasília (UnB) divulgou levantamento preliminar em que há seis ultracongeladores disponíveis. O Hospital Universitário de Brasília (HUB) possuis um. Os sete equipamentos somam capacidade de 300 a 600 litros de armazenamento.
Uma das medidas mais eficazes para prevenção de doenças, tanto no plano individual quanto no coletivo, é a vacinação. Como exemplos, temos as bem-sucedidas campanhas contra a varíola, poliomielite, rubéola, sarampo e influenza. Um simples gesto, rápido, fácil e acessível pode evitar mortes ou sequelas graves e permanentes. As pessoas elegíveis para a vacinação e que, ainda assim, optam por não se vacinarem, além de colocarem sua própria saúde em risco, o fazem com a de seus familiares e com as pessoas com as quais convivem. Todas as vacinas, até hoje licenciadas, passaram por testes de modo a garantir sua segurança e eficácia. Por isso, as vacinas são consideradas um modo simples, eficaz e seguro para prevenção de doenças. Ana Helena Germoglio, infectologista do Hospital Águas Claras.
O DF tem a segunda maior taxa de mortes do país em decorrência do novo coronavírus. O levantamento foi realizado pelo Observatório de Predição e Acompanhamento da Epidemia Covid-19 (PrEpidemia), da Universidade de Brasília (UnB), em nota técnica divulgada ontem. O grupo de pesquisadores calculou uma média de 1.350 óbitos por covid-19 a cada milhão de moradores da capital. O dado fica abaixo, apenas, das 1.394 mortes por milhão, no Rio de Janeiro. “Cabe comparar os valores da tabela com o mesmo índice para alguns outros países como os Estados Unidos (956 mortes/milhão), França (912 mortes/milhão) e Alemanha (300 mortes/milhão). Todos esses países já estão na segunda onda da pandemia. No Brasil, como um todo, temos 867 mortos por milhão, no momento em que ainda se inicia a segunda onda”, alerta o texto da nota.
Dados do último boletim da Secretaria de Saúde mostram que o DF acumula 243.212 infectados e 4.132 óbitos devido à covid-19. Ontem, a pasta registrou nove mortes e 737 ocorrências do novo coronavírus, em 24 horas.