05/02/2021 às 08h20min - Atualizada em 05/02/2021 às 08h20min

Bia Kicis sobre CCJ: “O que não terá é alguém sentada sobre a pauta de costumes”

Cotada para assumir a CCJ da Câmara, a deputada bolsonarista diz que colocará em apreciação pautas de interesse dos líderes

Desde que o nome da deputada Bia Kicis (PSL-DF) foi indicado para assumir o cargo de presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, uma grande resistência vem ameaçando o acordo, devido ao perfil ultraconservador da ex-procuradora. O nariz torcido não veio só de muitos colegas parlamentares, inclusive aliados dos presidente Jair Bolsonaro, mas também de artistas, de partidos de oposição e até de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), além de inúmeras manifestações por meio de redes sociais.

Em entr, evista à grande imprensa, a deputada afirmou que não pretende impor uma pauta própria, caso seja eleita para o cargo, mas uma acordada com o conjunto de líderes da Câmara. A parlamentar, no entanto, esclarece que a pauta de costumes, prioridade dos bolsonaristas e do próprio presidente da República, terá caminho aberto na CCJ.

 

“Temos algumas pautas que são prioritárias, como a reforma administrativa, temos qualquer questão relativa à pandemia como prioridade absoluta e, obviamente, que traremos para a Mesa uma série de pautas de costumes. Mas assim como outras pautas de demais partidos também virão para que possam ser discutidas, analisadas e votadas. Simplesmente o que não acontecerá mais é alguém sentar em cima das pautas de costumes. Isso não vai acontecer, certamente. Todo mundo terá a oportunidade de ter os seus projetos apreciados”, prometeu a parlamentar, que tem se esforçado desde a indicação para reverter a imagem de radical.

Em sua participação na abertura do ano legislativo, na última terça-feira (2/2), Bolsonaro entregou aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), um conjunto de projetos – de reformas estruturais a medidas de cunho conservador e religioso – que pretende ver aprovado pelo Congresso nos próximos dois anos.

Bia Kicis é uma das investigadas em inquérito no STF que apura disseminação de fake news e atos antidemocráticos. Ela também já fez série de críticas a ministros da Corte e é apontada como uma das parlamentares que mais disseminou desinformação sobre a pandemia de coronavírus.

Armas e educação em casa

O objetivo de Bolsonaro é colocar em votação o projeto do excludente de ilicitude, uma autorização que permitirá a policiais até matarem – em tese como ação de legítima defesa – em operações, sem risco de punições.

Outra pauta prioritária do presidente é a flexibilização da possibilidade de a população se armar. Bolsonaro disse nesta semana que vai editar nos próximos dias mais três decretos sobre armas e Colecionadores, Atiradores Esportivos e Caçadores (CACs), grupo que constitui uma das bases de apoio do mandatário do país.

O chamado homeschooling também é prioridade do governo, agora que o chefe do Executivo considera ter como aliados os presidentes das duas Casa. O projeto, defendido pela bancada evangélica e pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, propõe facilitar a educação domiciliar de crianças e adolescentes.
 

Combate x equilíbrio
Em 2019, Bia Kicis foi vice-presidente da CCJ e assumiu a condução das reuniões em vários momentos conturbados, como durante as discussões da reforma da Previdência. Ela fala dessa época como um momento em que exerceu uma postura menos “combativa” e mais “equilibrada”.
 
Esse é o argumento usado nesta semana em conversas que têm tentado desenvolver com líderes de todos os partidos na missão de enfraquecer a resistência ao seu nome.
 
“Todos aqueles com quem já conversei foram receptivos. Gostaram da conversa, porque eu tenho deixado bem claro que a deputada Bia Kicis é combativa, mas a deputada Bia Kicis, presidente da CCJ, será uma pessoa pautada pelo equilíbrio, senso de justiça, pela democracia, uma pessoa de conversa, de mediação”, assinalou a parlamentar.

“Como presidente da CCJ, nem votar eu voto. É um papel meio que de magistrado, e eu tenho total condição de fazer isso”, frisou.

A deputada culpa a “mídia” pelo que chamou de “desconstrução” de sua imagem.
 
“Eu estou vendo com uma certa perplexidade a forma como se faz uma desconstrução, um ataque violento à minha pessoa, pela mídia, e aí, naturalmente, as pessoas que não me conhecem e que pegam a informação pela mídia acabam comprando esse mar de ideias”, reclamou.
Acordo
“Por outro lado, isso tem sido desconstruído na medida que eu tenho conversado com as pessoas, com os líderes, e ainda pelo fato de o presidente Arthur Lira ter mantido o acordo firmado”, observou.
 
Ela ainda informou que conseguiu vencer as resistências internas no PSL ao seu nome com a promessa da ala bolsonarista de apoiar a candidatura do presidente da legenda, Luciano Bivar (PE), ao cargo de 1º secretário. “Ele foi para a 1ª Secretaria com os nossos votos, e eu vou para a CCJ com os votos dele. Ele apertou a minha mão, a do líder Vitor Hugo (PSL-GO) e a do presidente da Casa, Arthur Lira”, contou Bia Kicis.
 

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