O primeiro caso ocorreu por volta das 7h da manhã de ontem. Valdemir, conhecido como Barriga, deu entrada no CPP em 27 de outubro do ano passado, após a Justiça ter concedido o regime semiaberto. Contemplado com as saídas temporárias, ele saiu da unidade prisional, ontem, para trabalhar. O carro dele, um Golf prata, estava estacionado próximo ao CPP. Ao entrar no veículo, criminosos encapuzados passaram em um automóvel e atiraram 20 vezes contra o detento, que morreu na hora. O Corpo de Bombeiros do DF esteve no local para prestar os primeiros socorros, mas a vítima estava sem vida. Até o fechamento desta edição, os responsáveis pelo homicídio de Valdemir não haviam sido presos.
Segundo assassinato
No começo da tarde, às 13h30, Ivan Nunes Costa, 29, foi o segundo custodiado assassinado. “Ouvimos os tiros. Eram muitos, não consegui contar, mas todos ficaram desesperados e com medo. Fechamos as lojas imediatamente”, relatou uma testemunha, que preferiu não revelar a identidade. Policiais penais e civis interditaram a rua e impediram a passagem de carros. Cápsulas de bala foram encontradas na calçada, a poucos metros do corpo. O material passará por exames periciais.
Testemunhas anotaram o número da placa do carro dos criminosos, um Chery branco, e repassaram à PMDF. Pouco menos de duas horas, os militares conseguiram encontrar os dois responsáveis pelo assassinato de Ivan. A dupla, de 25 e 33 anos, foi abordada no Riacho Fundo 2, em tentativa de fuga. Os policiais montaram um cerco, mas os criminosos desceram do carro e conseguiram correr. Um deles invadiu uma casa no conjunto 2, da QN 14, e o outro subiu pelo telhado, mas foram capturados e encaminhados à 27ª Delegacia de Polícia (Riacho Fundo).
Investigações revelaram que os acusados integram a maior facção criminosa do DF, o Comboio do Cão. “Tanto a vítima quanto o autor já foram presos. Uma possível guerra de tráfico de drogas teria motivado o assassinato”, detalhou o delegado-adjunto da 27ª DP, Diogo Carneiro.
Na delegacia, os dois usaram o direito de permanecer em silêncio. Os investigadores constataram que a Chery branca usada por eles para cometer o homicídio havia sido roubada no ano passado, em Samambaia, e estava com a placa adulterada. Os dois homicídios ficarão a cargo da 8ª DP (SIA), local onde os fatos ocorreram. Agora, a polícia trabalha para localizar os envolvidos no assassinato do primeiro preso, Valdemir.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape-DF) informou que, com relação à segurança do CPP, houve reforçou no efetivo de policiais penais da respectiva unidade prisional, bem como a implementação de rondas externas, que contam com o apoio da PMDF na realização do policiamento nas proximidades do presídio. “As medidas visam o aumento da segurança no Centro, que tem características de casa de albergado — condição que não permite a construção de um muro mais alto do que o existente no local, tão pouco a instalação de concertinas, a exemplo do que ocorre nos demais estabelecimentos penais do DF”, esclareceu a pasta.