Goiânia – O vigilante penitenciário temporário de Goiás assassinado a tiros com sua mulher na manhã desta quinta-feira (18/2) já havia sido alvo de uma tentativa de suborno em serviço e conteve motim de presos, no dia 1º de fevereiro deste ano, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital goiana.
As informações constam de registro de ocorrência da Polícia CiviL.
O duplo homicídio ocorreu logo após o vigilante penitenciário Elias de Souza Silva, de 38 anos, sair do plantão de 24 horas e se encontrar com a mulher dele. A identidade dela ainda não foi divulgada.
Silva vivia aterrorizado por conta de revista que gerou conflito com presos por roubo, no início do mês. A juíza Liliam Margareth, do Juizado Especial Criminal de Aparecida de Goiânia, recebeu nesta quinta o processo referente ao motim de presos, que foi contido por ele e policiais.
No dia 1º de fevereiro, durante operação de revista no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, Elias e dois policiais penais apreenderam dois aparelhos celulares, por volta das 15h.
Três horas depois, ao trancar a ala, os presos chamaram os servidores e ofereceram R$ 5 mil para que devolvessem os celulares apreendidos, segundo a ocorrência registrada pela Polícia Civil. Elias e os dois colegas de trabalho recusaram o suborno.
Não a suborno, “virar a cadeia”
Diante da negativa, de acordo com o registro, os presos Vinicius Tadeu de Souza, Paulo César da Silva Borges e Matheus Vinicius de Sousa Almeida insistiram e ofereceram R$ 7 mil em troca da devolução dos aparelhos de telefone. No entanto, houve nova recusa.
Em seguida, segundo a ocorrência, os presos se revoltaram e se “amotinaram” na ala do complexo prisional. “Batendo nas portas das contenções com o intuito de derrubá-las e gritando palavras de baixo calão aos servidores”, como registrou a Polícia Civil.
Diante da revolta dos presos, acrescenta a ocorrência, o
vigilante penitenciário temporário e os policiais voltaram para dentro da ala, com todo apoio necessário para o procedimento, mas foram enfrentados pelos presos.
Os presos, de acordo com o documento, “ficaram dizendo que iria (sic) ‘virar a cadeia’, que os celulares apreendidos deveriam ser devolvidos aos detentos e que os servidores eram corruptos”.
“Jogar cabeças”
Além disso, conforme relato colhido pela Polícia Civil, os presos disseram que “a situação iria ‘evoluir’ se não fosse resolvido e que iriam botar fogo nas celas e iriam ‘jogar cabeças’ para os agentes”.
Para conter o motim, acrescenta a ocorrência, os policiais efetuaram dois disparos e usaram 12
munições menos que letais. Na ocasião, segundo o relato, nenhum preso foi atingido.
Os presos da ala, ainda segundo o registro, trancaram a porta de acesso às celas com travas com madeira, cabos de vassoura e lençóis e voltaram a bater nas grades novamente.
Por isso, diante do risco iminente no local, o Grupo de Operação Penitenciária (Gope), a tropa de elite do sistema prisional, foi chamado para conter a situação. Os presos foram encaminhados para a delegacia.
Reação esperada
O presidente do Sindicato do Sistema de Execução Penal do Estado de Goiás (Sinsep-GO), Maxsuell Miranda das Neves, disse que a situação era esperada por causa das ameaças de que os presos iriam matar servidores fora do serviço. “A gente já estava esperando qualquer tipo de retaliação”, afirmou.
Investigação em andamento
Em nota, a
Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP) informou apenas que todas as possíveis suspeitas sobre o crime de duplo homicídio que vitimou o vigilante penitenciário temporário e sua esposa já estão sendo investigadas pela Polícia Civil.
Mais cedo, o secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, se dirigiu até o local do crime. Ele disse que a Delegacia de Homicídios de Aparecida de Goiânia recebeu ordem do governador Ronaldo Caiado (DEM) para elucidar o crime o mais rápido possível.
Confronto
No final da noite desta quinta, policiais militares divulgaram em redes sociais que duas pessoas foram mortas em confronto com a PM no Jardim Primavera, região noroeste da capital. A dupla estaria envolvida na morte do vigilante penitenciário temporário e de sua esposa.
Uma terceira pessoa, envolvida no roubo do carro usado na execução, também foi presa. As identidades dos suspeitos não foram divulgadas. A Polícia Civil ainda não confirmou a informação.