“Com isso, ficava fácil conseguir empréstimos bancários afirmando trabalhar com manejo. Também ludibriar vitimas e oferecer negócios, sociedades e fundos de investimentos que nunca existiram”, explicou o advogado.
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) o proibiu de deixar o país e autorizou a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico do suspeito. Em novembro do ano passado, o golpista já havia sido alvo de ordem de penhora de bens determinada pela Corte.
No entanto, a execução da penhora não foi pedida por uma das sete mulheres enganadas pelo estelionatário, e sim por uma empresa especializada na venda de materiais de construção. O Don Juan é acusado de não pagar a conta no estabelecimento.
A decisão proferida pela 1ª Vara de Execução de Títulos Extrajudiciais e Conflitos Arbitrais de Brasília determinou a entrega da ordem de apreensão. No entanto, o endereço fornecido pelo homem, na cidade goiana de Anápolis, na verdade, é o de um posto de combustíveis.
Marcelo Neves deixou um rastro de golpes. Na maioria das vezes, ele seduzia mulheres para ter acesso aos bens delas. Em 19 de setembro de 2019, duas vítimas do estelionatário procuraram a Corf para registrar ocorrência. Uma delas, que preferiu não se identificar, é empresária. Ela teria sofrido um golpe ainda em 2012, quando perdeu todos os equipamentos de sua clínica de estética, em uma das quadras comerciais da Asa Norte.
Segundo a mulher, o suspeito seduziu sua sócia para conseguir ter acesso a uma série de informações particulares do estabelecimento, como o local onde era guardada a chave para abrir a empresa.
“Ele se aproximou, pois era amigo do meu ex-marido, e disse que poderia nos ajudar com a burocracia da clínica. Ele começou ajudando aos poucos, até fazendo pequenas benfeitorias no imóvel e alugando alguns aparelhos que usávamos”, explicou, em entrevista ao Metrópoles.
De acordo com a empresária, em alguns meses, o homem começou a se relacionar com a sua sócia, até conseguir informações privilegiadas. “Ele queria ter acesso às contas da clínica, o que eu sempre neguei. Mas minha sócia ficou apaixonada e isso facilitou a ação dele. Um dia cheguei para trabalhar e ele havia ‘limpado’ a clínica”, disse.
O Metrópoles não localizou Marcelo José Neves ou representantes legais do “Dom Juan”, nos contatos que constam nos inquéritos e ações judiciais às quais ele responde. O espaço segue aberto a manifestações futuras.