Com o nome incluído nas delações premiadas sobre o esquema de pagamento de propina a políticos pela empreiteira Odebrecht, o engenheiro Hermano Gonçalves de Souza Carvalho e seus familiares são donos de um patrimônio de respeito no Distrito Federal. Ele é proprietário, dentre outras empresas, de um bar e um restaurante, ambos famosos no circuito gastronômico da capital. Apenas um dos comércios tem o capital social estimado em R$ 120 milhões. Hoje, Hermano é comissionado da liderança do governo, na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Recebe mais de R$ 10 mil/mês no Legislativo brasiliense.
Hermano é considerado “homem forte” do ex-vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filippelli (PMDB). Mas, de acordo com depoimentos de ex-executivos da Odebrecht, ele teria atuado como intermediário, designado tanto pelo peemedebista quanto pelo ex-governador Agnelo Queiroz (PT), para tratar do apoio financeiro da empreiteira à campanha de reeleição da dupla em 2014.
A relação dele com os ex-mandatários do Buriti se fortaleceu no Governo do Distrito Federal. Filippelli e Agnelo contaram com Hermano à frente da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, de setembro de 2013 até o fim da gestão petista, em 2014. Antes, ele atuava como secretário-adjunto da pasta.Também teve passagens pelo governo federal (ministérios do Esporte e do Turismo).
Apesar de ser engenheiro e ex-secretário de Estado, Hermano Carvalho também se destaca em Brasília por comandar o bem-sucedido bar Boteco, localizado na quadra 406 Sul. Elogiado por críticos gastronômicos como um dos estabelecimentos brasilienses com alguns dos melhores petiscos inspirados na culinária nordestina, o bar chama a atenção pelo capital social milionário.
Esse é o único empreendimento no ramo alimentício relacionado diretamente a seu nome: Hermano ainda tem a titularidade de outros dois negócios, voltados para a área de engenharia, sua formação profissional. Mas o engenheiro colocou sua mulher como sócia do restaurante japonês Kojima, que fica na mesma comercial que o Boteco – poucos metros separam os dois negócios.
O estabelecimento, que é referência no preparo de sushi e conceituado entre os amantes da comida oriental, tem entre seus sócios a fonoaudióloga Maria de Fátima Coelho Carvalho, casada com Hermano. Mais modesto que o Boteco, o restaurante tem capital social de R$ 80 mil. Enquanto o bar foi aberto em 30 de julho de 2008, o Kojima abriu as portas poucos meses depois, em fevereiro de 2009.
Obra do Centrad
Para o ex-executivo da Odebrecht João Pacífico, Hermano Carvalho foi fundamental à construção do Centro Administrativo do Governo do Distrito Federal, o Centrad. Obra polêmica, feita para deslocar o comando do Executivo local para Taguatinga, e que até hoje não cumpriu sua função.
Em troca da execução do projeto, erguido por meio de uma parceria entre a empreiteira e a brasiliense Via Engenharia, a Odebrecht teria injetado recursos não contabilizados nas campanhas de Agnelo e Filippelli. O petista teria recebido R$ 1 milhão (R$ 500 mil em 2014 e R$ 500 mil quatro anos antes) e o peemedebista, R$ 2 milhões para o pleito de 2014. Outros R$ 15 milhões teriam ido para os partidos de ambos investirem na última eleição majoritária.
Em seu depoimento, João Pacífico foi enfático: Hermano Carvalho seria o intermediário dos candidatos ao Buriti e marcava encontros com representantes da empreiteira em cafés e restaurantes da capital para receber o dinheiro da propina.
Cargo na Câmara
Hermano Carvalho ocupa hoje um cargo CL-11, com remuneração de R$ 10.016,72, na liderança de governo da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Ali, presta assessoria para o deputado distrital Rodrigo Delmasso (Podemos), responsável político pela articulação entre o Executivo e o Legislativo.
Segundo o parlamentar, os dois se conheceram ainda em 2004 no Congresso Nacional, onde ambos faziam trabalho técnico. Após assumir a liderança do governo na CLDF, Delmasso fez o convite para Hermano Carvalho para que compusesse a equipe de trabalho, que defende os interesses do governador Rodrigo Rollmberg (PSB) na Casa.
De acordo com o deputado, Hermano e ele ainda não conversaram sobre a citação do nome do agora assessor por delatores da Odebrecht. O encontro para tratar do assunto deve ocorrer nesta segunda-feira (17/4).
A princípio, ele faz um trabalho técnico e completamente correto. Eu vou conversar com o Hermano para saber em que contexto surgiram essas denúncias, mas a princípio não há nada contra ele."
Rodrigo Delmasso, líder do governo na CLDF e atual chefe de Hermano
O presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), por sua vez, transfere a responsabilidade da permanência de Hermano na Casa para Delmasso. O chefe do Legislativo explica que a nomeação foi do colega de Parlamento e que ele não pode, nesse momento, interferir na questão.
O Metrópoles procurou insistentemente o ex-secretário Hermano Carvalho, mas, até a publicação desta matéria, ele não havia retornado as ligações da reportagem. Na sexta-feira, sobre sua citação por delatores como intermediário de propinas entre a Odebrecht e políticos locais, ele afirmou ao Metrópoles: “Nunca tratei do recebimento de recursos irregulares”.
Com o nome incluído nas delações premiadas sobre o esquema de pagamento de propina a políticos pela empreiteira Odebrecht, o engenheiro Hermano Gonçalves de Souza Carvalho e seus familiares são donos de um patrimônio de respeito no Distrito Federal. Ele é proprietário, dentre outras empresas, de um bar e um restaurante, ambos famosos no circuito gastronômico da capital. Apenas um dos comércios tem o capital social estimado em R$ 120 milhões. Hoje, Hermano é comissionado da liderança do governo, na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Recebe mais de R$ 10 mil/mês no Legislativo brasiliense.
Hermano é considerado “homem forte” do ex-vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filippelli (PMDB). Mas, de acordo com depoimentos de ex-executivos da Odebrecht, ele teria atuado como intermediário, designado tanto pelo peemedebista quanto pelo ex-governador Agnelo Queiroz (PT), para tratar do apoio financeiro da empreiteira à campanha de reeleição da dupla em 2014.
A relação dele com os ex-mandatários do Buriti se fortaleceu no Governo do Distrito Federal. Filippelli e Agnelo contaram com Hermano à frente da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, de setembro de 2013 até o fim da gestão petista, em 2014. Antes, ele atuava como secretário-adjunto da pasta.Também teve passagens pelo governo federal (ministérios do Esporte e do Turismo).
Apesar de ser engenheiro e ex-secretário de Estado, Hermano Carvalho também se destaca em Brasília por comandar o bem-sucedido bar Boteco, localizado na quadra 406 Sul. Elogiado por críticos gastronômicos como um dos estabelecimentos brasilienses com alguns dos melhores petiscos inspirados na culinária nordestina, o bar chama a atenção pelo capital social milionário.
Esse é o único empreendimento no ramo alimentício relacionado diretamente a seu nome: Hermano ainda tem a titularidade de outros dois negócios, voltados para a área de engenharia, sua formação profissional. Mas o engenheiro colocou sua mulher como sócia do restaurante japonês Kojima, que fica na mesma comercial que o Boteco – poucos metros separam os dois negócios.
O estabelecimento, que é referência no preparo de sushi e conceituado entre os amantes da comida oriental, tem entre seus sócios a fonoaudióloga Maria de Fátima Coelho Carvalho, casada com Hermano. Mais modesto que o Boteco, o restaurante tem capital social de R$ 80 mil. Enquanto o bar foi aberto em 30 de julho de 2008, o Kojima abriu as portas poucos meses depois, em fevereiro de 2009.
Obra do Centrad
Para o ex-executivo da Odebrecht João Pacífico, Hermano Carvalho foi fundamental à construção do Centro Administrativo do Governo do Distrito Federal, o Centrad. Obra polêmica, feita para deslocar o comando do Executivo local para Taguatinga, e que até hoje não cumpriu sua função.
Em troca da execução do projeto, erguido por meio de uma parceria entre a empreiteira e a brasiliense Via Engenharia, a Odebrecht teria injetado recursos não contabilizados nas campanhas de Agnelo e Filippelli. O petista teria recebido R$ 1 milhão (R$ 500 mil em 2014 e R$ 500 mil quatro anos antes) e o peemedebista, R$ 2 milhões para o pleito de 2014. Outros R$ 15 milhões teriam ido para os partidos de ambos investirem na última eleição majoritária.
Em seu depoimento, João Pacífico foi enfático: Hermano Carvalho seria o intermediário dos candidatos ao Buriti e marcava encontros com representantes da empreiteira em cafés e restaurantes da capital para receber o dinheiro da propina.
Cargo na Câmara
Hermano Carvalho ocupa hoje um cargo CL-11, com remuneração de R$ 10.016,72, na liderança de governo da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Ali, presta assessoria para o deputado distrital Rodrigo Delmasso (Podemos), responsável político pela articulação entre o Executivo e o Legislativo.
Segundo o parlamentar, os dois se conheceram ainda em 2004 no Congresso Nacional, onde ambos faziam trabalho técnico. Após assumir a liderança do governo na CLDF, Delmasso fez o convite para Hermano Carvalho para que compusesse a equipe de trabalho, que defende os interesses do governador Rodrigo Rollmberg (PSB) na Casa.
De acordo com o deputado, Hermano e ele ainda não conversaram sobre a citação do nome do agora assessor por delatores da Odebrecht. O encontro para tratar do assunto deve ocorrer nesta segunda-feira (17/4).
A princípio, ele faz um trabalho técnico e completamente correto. Eu vou conversar com o Hermano para saber em que contexto surgiram essas denúncias, mas a princípio não há nada contra ele."
Rodrigo Delmasso, líder do governo na CLDF e atual chefe de Hermano
O presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), por sua vez, transfere a responsabilidade da permanência de Hermano na Casa para Delmasso. O chefe do Legislativo explica que a nomeação foi do colega de Parlamento e que ele não pode, nesse momento, interferir na questão.
O Metrópoles procurou insistentemente o ex-secretário Hermano Carvalho, mas, até a publicação desta matéria, ele não havia retornado as ligações da reportagem. Na sexta-feira, sobre sua citação por delatores como intermediário de propinas entre a Odebrecht e políticos locais, ele afirmou ao Metrópoles: “Nunca tratei do recebimento de recursos irregulares”.